sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

PAULO GURGEL VALENTE DO AMARAL *




Paulo Soledade (Paulo Gurgel Valente do Amaral) nasceu em 1919 Paranaguá, PR, e morreu em 1999 no Rio de Janeiro, RJ. Interessou-se por música desde a infância, mas sua primeira atividade artística foi como ator. Em fins da década de 1930, trabalhou em um pequeno grupo onde atuavam Gustavo Dória, Luísa Barreto Leite, Ziembinski, entre outros. Posteriormente, foi cadete da Força Aérea Brasileira. Fundou no Rio de Janeiro o "Clube dos Cafajestes", grupo de boêmios que ficou famoso por volta dos anos 1940. Para o grupo compôs o "Hino dos cafajestes". Em 1942, viajou para os Estados Unidos para realizar curso de piloto de caça. Regressou como tenente da Força Aérea Norte Americana, ingressando posteriormente numa companhia aérea comercial como comandante. Manteve-se nessa função por um período de sete anos, abandonando-a por problemas de saúde. Na década de 1940, atuou como produtor de shows. Em 1950, teve sua primeira composição gravada, a marcha "Zum-zum", com Fernando Lobo lançada por Dalva de Oliveira pela Odeon e grande sucesso do carnaval do ano seguinte. A música abordava o desaparecimento do comandante Edu, Carlos Eduardo de Oliveira, seu grande amigo e colega, frequentador do "Clube dos Cafajestes", devido a um desastre aéreo. Em 1951, fez sucesso com o samba "Calúnia", com Marino Pinto, na gravação pungente de Dalva de Oliveira. Nesse ano, fez com Fernando Lobo o samba "Longa caminhada" lançado por Francisco Alves na Odeon e os sambas-canção "Penso em você" e "Só eu sei" gravados por Mary Gonçalves na Sinter e, com Marino Pinto, o samba-canção "Se o amor tem raízes", gravado por Dalva de Oliveira. Ainda no mesmo ano, teve a marcha "Rio", com Marino Pinto gravada na RCA Victor pelos Anjos do Inferno e os sambas "Toureiro sou eu" e "Terminemos", com Fernando Lobo, lançados por Lúcio Alves, além do baião "Balança na rede", com Fernando Lobo, gravado por Jorge Veiga, as três na Continental. Ainda em 1951, o cantor Mário Reis, que estava há algum tempo afastado da vida artística, voltou a gravar e lançou pela Continental o samba "Saudade do samba", com Fernando Lobo. Em 1952, destacou-se com a marcha "Estrela do mar", uma parceria com Marino Pinto lançada por Dalva de Oliveira. Nesse ano, Dircinha Batista gravou, também na Odeon, a marcha-rancho "Noites de junho", com Fernando Lobo e Linda Batista lançou na RCA Victor o samba-canção "Monotonia", com Fernando Lobo. Ainda na RCA Victor Nelson Gonçalves gravou no mesmo ano o baião "Cada um com seu amor", com Fernando Lobo. Em 1953, Norma Ardanuy gravou na Odeon o samba "Amor de poeta" e Diamantino Gomes, na mesma gravadora, o samba-canção "Ninguém sabe", as duas, com Fernando Lobo. Nesse ano, Linda Batista lançou na RCA Victor o samba "Meu pecado não", com Fernando Lobo, e Aracy de Almeida na Continental lançou o samba "Perdida", com Marino Pinto.Seu samba-canção "Só você, mais nada" foi gravado por Elizeth Cardoso na Continental em 1954. No ano seguinte, a mesma cantora registrou os sambas-canção "Águas passadas", com Marino Pinto e "Só você...mais nada", este último no LP "Canções à meia luz". Também em 1955, Albertinho Fortuna gravou o samba "Meu jeito de ser"; Emilinha Borba o mambo "Lavadeira"; Jamelão o samba "Lá vou eu" e Risadinha a "Marcha da cartilha", com Sebastião Gomes, as quatro na Continental. Teve ainda nesse ano a música "Quanto tempo faz" gravada por Nora Ney no LP "Canta Nora Ney". Em 1956, Helena de Lima gravou "Foi você" no LP "Dentro da noite". Fez com João Correa da Silva o samba "Respeito Vila Izabel" gravado na Continental em 1957 por Grande Otelo. Nesse ano, Silvio Caldas gravou o "Poema dos olhos da amada", em parceria com o poeta Vinícius de Moraes, no LP "Serenata". No ano seguinte, Isaura Garcia gravou "Tanto amor" no LP "Foi a noite". Em 1961, abriu a Boate "Zum-Zum", onde apresentava produções de Aloysio de Oliveira, quase sempre ligadas ao novo movimento musical carioca, a bossa nova, da qual participavam artistas como Silvia Telles, Lenie Dale e Vinicius de Moraes. Data dessa época a marcha-rancho "Estão voltando as flores", que logo se tornaria um hino nas noites cariocas. Ainda em 1961, teve as músicas "Penso em você", gravada por Jhony Alf no LP "Rapaz de bem" e " Instante de amor" lançada por Ângela Maria no LP "Quando a noite vem - Ângela Maria, uma voz para milhões". Em 1962, teve a "Canção de amor " gravada no LP "A voz e o sorriso de Helena de Lima", lançado por Helena de Lima. Para poemas de Vinicius de Moraes, compôs entre outras as músicas "São Francisco" e "Poema dos olhos da amada". Convidado por Carlos Machado, fez a remontagem do espetáculo "Um vagabundo toca em surdina", onde se apresentavam Edu da Gaita e Grande Otelo. Foi o introdutor do enredo e continuidade musical entre os quadros do espetáculo, como em "Coisas e graças da Bahia", no qual participavam Dorival Caymmi e Ângela Maria. Ao lado de Carlos Machado, organizou inúmeros shows em boates como "Feitiço da Vila", onde Sílvio Caldas e Elizeth Cardoso interpretavam com grande sucesso músicas de Noel Rosa. Em 1968, a música "Fantasia de arlequim", com Augusto Melo Pinto, defendida por Marlene, foi classificada no concurso de músicas de carnaval promovido pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som. No ano seguinte, a música "Ai amor" foi gravada no LP "Uma noite no Drink", lançado por Helena de Lima. Uma de suas composições mais conhecidas, "Estrela do mar", foi regravada por Beth Carvalho no LP "Andança", de 1969; por Marisa Gata Mansa no LP "Marisa", de 1971; por Altemar Dutra no LP "A força do amor", em 1972 e por Maria Bethânia no LP "Drama - Ato nº 3", de 1973. Em 1980, teve as músicas "O pato" e " O relógio", parcerias com Vinicius de Moraes, lançadas no LP "A Arca de Noé". No ano seguinte, as músicas "O peru"; "O pinguim" e "A formiga", parcerias com Vinicius de Moraes, foram gravadas no disco "A arca de Noé volume 2". Em 1986, Caetano Veloso regravou "Calúnia", com Marino Pinto, no LP "Totalmente demais". Em 1988, Maria Bethânia regravou "Poema dos olhos da amada" no LP "Maria". Em 1990, no projeto "O som do meio-dia" foi apresentado espetáculo em sua homenagem, no qual suas obras foram executadas. Em 1996, Miltinho regravou "Estão voltando as flores" e Emílio Santiago fez o mesmo no ano seguinte. Em julho de 2001, o crítico R. C. Albin homenageou-o no espetáculo "Estão voltando as flores", com as cantoras do Rádio, em que eram passadas em revistas as maiores divas da era do rádio. O show virou disco de igual título, lançado em 2002 pela Som Livre. No ano seguinte, a música "Estrela do mar" foi regravada por Telma Costa no CD "Tempo bom". Dentre seus sucessos, destacam-se "Estrela do mar", com Marino Pinto, "Estão voltando as flores", "Insensato coração", com Antônio Maria, "Já é noite", com Fernando Lobo e "Sonho desfeito", com Tom Jobim.