Paulo Soledade (Paulo Gurgel
Valente do Amaral) nasceu em 1919 Paranaguá, PR, e morreu em 1999 no Rio de
Janeiro, RJ. Interessou-se por música desde a infância, mas sua primeira
atividade artística foi como ator. Em fins da década de 1930, trabalhou em um
pequeno grupo onde atuavam Gustavo Dória, Luísa Barreto Leite, Ziembinski,
entre outros. Posteriormente, foi cadete da Força Aérea Brasileira. Fundou no
Rio de Janeiro o "Clube dos Cafajestes", grupo de boêmios que ficou
famoso por volta dos anos 1940. Para o grupo compôs o "Hino dos
cafajestes". Em 1942, viajou para os Estados Unidos para realizar curso de
piloto de caça. Regressou como tenente da Força Aérea Norte Americana,
ingressando posteriormente numa companhia aérea comercial como comandante.
Manteve-se nessa função por um período de sete anos, abandonando-a por problemas
de saúde. Na década de 1940, atuou como produtor de shows. Em 1950, teve sua
primeira composição gravada, a marcha "Zum-zum", com Fernando Lobo
lançada por Dalva de Oliveira pela Odeon e grande sucesso do carnaval do ano
seguinte. A música abordava o desaparecimento do comandante Edu, Carlos Eduardo
de Oliveira, seu grande amigo e colega, frequentador do "Clube dos
Cafajestes", devido a um desastre aéreo. Em 1951, fez sucesso com o samba
"Calúnia", com Marino Pinto, na gravação pungente de Dalva de Oliveira.
Nesse ano, fez com Fernando Lobo o samba "Longa caminhada" lançado
por Francisco Alves na Odeon e os sambas-canção "Penso em você" e
"Só eu sei" gravados por Mary Gonçalves na Sinter e, com Marino
Pinto, o samba-canção "Se o amor tem raízes", gravado por Dalva de
Oliveira. Ainda no mesmo ano, teve a marcha "Rio", com Marino Pinto
gravada na RCA Victor pelos Anjos do Inferno e os sambas "Toureiro sou
eu" e "Terminemos", com Fernando Lobo, lançados por Lúcio Alves,
além do baião "Balança na rede", com Fernando Lobo, gravado por Jorge
Veiga, as três na Continental. Ainda em 1951, o cantor Mário Reis, que estava
há algum tempo afastado da vida artística, voltou a gravar e lançou pela
Continental o samba "Saudade do samba", com Fernando Lobo. Em 1952,
destacou-se com a marcha "Estrela do mar", uma parceria com Marino
Pinto lançada por Dalva de Oliveira. Nesse ano, Dircinha Batista gravou, também
na Odeon, a marcha-rancho "Noites de junho", com Fernando Lobo e
Linda Batista lançou na RCA Victor o samba-canção "Monotonia", com
Fernando Lobo. Ainda na RCA Victor Nelson Gonçalves gravou no mesmo ano o baião
"Cada um com seu amor", com Fernando Lobo. Em 1953, Norma Ardanuy
gravou na Odeon o samba "Amor de poeta" e Diamantino Gomes, na mesma
gravadora, o samba-canção "Ninguém sabe", as duas, com Fernando Lobo.
Nesse ano, Linda Batista lançou na RCA Victor o samba "Meu pecado
não", com Fernando Lobo, e Aracy de Almeida na Continental lançou o samba
"Perdida", com Marino Pinto.Seu samba-canção "Só você, mais
nada" foi gravado por Elizeth Cardoso na Continental em 1954. No ano
seguinte, a mesma cantora registrou os sambas-canção "Águas
passadas", com Marino Pinto e "Só você...mais nada", este último
no LP "Canções à meia luz". Também em 1955, Albertinho Fortuna gravou
o samba "Meu jeito de ser"; Emilinha Borba o mambo
"Lavadeira"; Jamelão o samba "Lá vou eu" e Risadinha a
"Marcha da cartilha", com Sebastião Gomes, as quatro na Continental.
Teve ainda nesse ano a música "Quanto tempo faz" gravada por Nora Ney
no LP "Canta Nora Ney". Em 1956, Helena de Lima gravou "Foi
você" no LP "Dentro da noite". Fez com João Correa da Silva o
samba "Respeito Vila Izabel" gravado na Continental em 1957 por
Grande Otelo. Nesse ano, Silvio Caldas gravou o "Poema dos olhos da
amada", em parceria com o poeta Vinícius de Moraes, no LP
"Serenata". No ano seguinte, Isaura Garcia gravou "Tanto
amor" no LP "Foi a noite". Em 1961, abriu a Boate
"Zum-Zum", onde apresentava produções de Aloysio de Oliveira, quase
sempre ligadas ao novo movimento musical carioca, a bossa nova, da qual
participavam artistas como Silvia Telles, Lenie Dale e Vinicius de Moraes. Data
dessa época a marcha-rancho "Estão voltando as flores", que logo se
tornaria um hino nas noites cariocas. Ainda em 1961, teve as músicas "Penso
em você", gravada por Jhony Alf no LP "Rapaz de bem" e "
Instante de amor" lançada por Ângela Maria no LP "Quando a noite vem
- Ângela Maria, uma voz para milhões". Em 1962, teve a "Canção de
amor " gravada no LP "A voz e o sorriso de Helena de Lima",
lançado por Helena de Lima. Para poemas de Vinicius de Moraes, compôs entre
outras as músicas "São Francisco" e "Poema dos olhos da
amada". Convidado por Carlos Machado, fez a remontagem do espetáculo
"Um vagabundo toca em surdina", onde se apresentavam Edu da Gaita e
Grande Otelo. Foi o introdutor do enredo e continuidade musical entre os
quadros do espetáculo, como em "Coisas e graças da Bahia", no qual
participavam Dorival Caymmi e Ângela Maria. Ao lado de Carlos Machado,
organizou inúmeros shows em boates como "Feitiço da Vila", onde
Sílvio Caldas e Elizeth Cardoso interpretavam com grande sucesso músicas de
Noel Rosa. Em 1968, a música "Fantasia de arlequim", com Augusto Melo
Pinto, defendida por Marlene, foi classificada no concurso de músicas de carnaval
promovido pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som. No ano
seguinte, a música "Ai amor" foi gravada no LP "Uma noite no
Drink", lançado por Helena de Lima. Uma de suas composições mais
conhecidas, "Estrela do mar", foi regravada por Beth Carvalho no LP
"Andança", de 1969; por Marisa Gata Mansa no LP "Marisa",
de 1971; por Altemar Dutra no LP "A força do amor", em 1972 e por
Maria Bethânia no LP "Drama - Ato nº 3", de 1973. Em 1980, teve as
músicas "O pato" e " O relógio", parcerias com Vinicius de
Moraes, lançadas no LP "A Arca de Noé". No ano seguinte, as músicas
"O peru"; "O pinguim" e "A formiga", parcerias
com Vinicius de Moraes, foram gravadas no disco "A arca de Noé volume
2". Em 1986, Caetano Veloso regravou "Calúnia", com Marino
Pinto, no LP "Totalmente demais". Em 1988, Maria Bethânia regravou
"Poema dos olhos da amada" no LP "Maria". Em 1990, no
projeto "O som do meio-dia" foi apresentado espetáculo em sua
homenagem, no qual suas obras foram executadas. Em 1996, Miltinho regravou
"Estão voltando as flores" e Emílio Santiago fez o mesmo no ano
seguinte. Em julho de 2001, o crítico R. C. Albin homenageou-o no espetáculo
"Estão voltando as flores", com as cantoras do Rádio, em que eram
passadas em revistas as maiores divas da era do rádio. O show virou disco de
igual título, lançado em 2002 pela Som Livre. No ano seguinte, a música
"Estrela do mar" foi regravada por Telma Costa no CD "Tempo
bom". Dentre seus sucessos, destacam-se "Estrela do mar", com
Marino Pinto, "Estão voltando as flores", "Insensato
coração", com Antônio Maria, "Já é noite", com Fernando Lobo e
"Sonho desfeito", com Tom Jobim.
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