Paulo Soledade (Paulo Gurgel
Valente do Amaral) nasceu em 1919 Paranaguá, PR, e morreu em 1999 no Rio de
Janeiro, RJ. Interessou-se por música desde a infância, mas sua primeira
atividade artística foi como ator. Em fins da década de 1930, trabalhou em um
pequeno grupo onde atuavam Gustavo Dória, Luísa Barreto Leite, Ziembinski,
entre outros. Posteriormente, foi cadete da Força Aérea Brasileira. Fundou no
Rio de Janeiro o "Clube dos Cafajestes", grupo de boêmios que ficou
famoso por volta dos anos 1940. Para o grupo compôs o "Hino dos
cafajestes". Em 1942, viajou para os Estados Unidos para realizar curso de
piloto de caça. Regressou como tenente da Força Aérea Norte Americana,
ingressando posteriormente numa companhia aérea comercial como comandante.
Manteve-se nessa função por um período de sete anos, abandonando-a por problemas
de saúde. Na década de 1940, atuou como produtor de shows. Em 1950, teve sua
primeira composição gravada, a marcha "Zum-zum", com Fernando Lobo
lançada por Dalva de Oliveira pela Odeon e grande sucesso do carnaval do ano
seguinte. A música abordava o desaparecimento do comandante Edu, Carlos Eduardo
de Oliveira, seu grande amigo e colega, frequentador do "Clube dos
Cafajestes", devido a um desastre aéreo. Em 1951, fez sucesso com o samba
"Calúnia", com Marino Pinto, na gravação pungente de Dalva de Oliveira.
Nesse ano, fez com Fernando Lobo o samba "Longa caminhada" lançado
por Francisco Alves na Odeon e os sambas-canção "Penso em você" e
"Só eu sei" gravados por Mary Gonçalves na Sinter e, com Marino
Pinto, o samba-canção "Se o amor tem raízes", gravado por Dalva de
Oliveira. Ainda no mesmo ano, teve a marcha "Rio", com Marino Pinto
gravada na RCA Victor pelos Anjos do Inferno e os sambas "Toureiro sou
eu" e "Terminemos", com Fernando Lobo, lançados por Lúcio Alves,
além do baião "Balança na rede", com Fernando Lobo, gravado por Jorge
Veiga, as três na Continental. Ainda em 1951, o cantor Mário Reis, que estava
há algum tempo afastado da vida artística, voltou a gravar e lançou pela
Continental o samba "Saudade do samba", com Fernando Lobo. Em 1952,
destacou-se com a marcha "Estrela do mar", uma parceria com Marino
Pinto lançada por Dalva de Oliveira. Nesse ano, Dircinha Batista gravou, também
na Odeon, a marcha-rancho "Noites de junho", com Fernando Lobo e
Linda Batista lançou na RCA Victor o samba-canção "Monotonia", com
Fernando Lobo. Ainda na RCA Victor Nelson Gonçalves gravou no mesmo ano o baião
"Cada um com seu amor", com Fernando Lobo. Em 1953, Norma Ardanuy
gravou na Odeon o samba "Amor de poeta" e Diamantino Gomes, na mesma
gravadora, o samba-canção "Ninguém sabe", as duas, com Fernando Lobo.
Nesse ano, Linda Batista lançou na RCA Victor o samba "Meu pecado
não", com Fernando Lobo, e Aracy de Almeida na Continental lançou o samba
"Perdida", com Marino Pinto.Seu samba-canção "Só você, mais
nada" foi gravado por Elizeth Cardoso na Continental em 1954. No ano
seguinte, a mesma cantora registrou os sambas-canção "Águas
passadas", com Marino Pinto e "Só você...mais nada", este último
no LP "Canções à meia luz". Também em 1955, Albertinho Fortuna gravou
o samba "Meu jeito de ser"; Emilinha Borba o mambo
"Lavadeira"; Jamelão o samba "Lá vou eu" e Risadinha a
"Marcha da cartilha", com Sebastião Gomes, as quatro na Continental.
Teve ainda nesse ano a música "Quanto tempo faz" gravada por Nora Ney
no LP "Canta Nora Ney". Em 1956, Helena de Lima gravou "Foi
você" no LP "Dentro da noite". Fez com João Correa da Silva o
samba "Respeito Vila Izabel" gravado na Continental em 1957 por
Grande Otelo. Nesse ano, Silvio Caldas gravou o "Poema dos olhos da
amada", em parceria com o poeta Vinícius de Moraes, no LP
"Serenata". No ano seguinte, Isaura Garcia gravou "Tanto
amor" no LP "Foi a noite". Em 1961, abriu a Boate
"Zum-Zum", onde apresentava produções de Aloysio de Oliveira, quase
sempre ligadas ao novo movimento musical carioca, a bossa nova, da qual
participavam artistas como Silvia Telles, Lenie Dale e Vinicius de Moraes. Data
dessa época a marcha-rancho "Estão voltando as flores", que logo se
tornaria um hino nas noites cariocas. Ainda em 1961, teve as músicas "Penso
em você", gravada por Jhony Alf no LP "Rapaz de bem" e "
Instante de amor" lançada por Ângela Maria no LP "Quando a noite vem
- Ângela Maria, uma voz para milhões". Em 1962, teve a "Canção de
amor " gravada no LP "A voz e o sorriso de Helena de Lima",
lançado por Helena de Lima. Para poemas de Vinicius de Moraes, compôs entre
outras as músicas "São Francisco" e "Poema dos olhos da
amada". Convidado por Carlos Machado, fez a remontagem do espetáculo
"Um vagabundo toca em surdina", onde se apresentavam Edu da Gaita e
Grande Otelo. Foi o introdutor do enredo e continuidade musical entre os
quadros do espetáculo, como em "Coisas e graças da Bahia", no qual
participavam Dorival Caymmi e Ângela Maria. Ao lado de Carlos Machado,
organizou inúmeros shows em boates como "Feitiço da Vila", onde
Sílvio Caldas e Elizeth Cardoso interpretavam com grande sucesso músicas de
Noel Rosa. Em 1968, a música "Fantasia de arlequim", com Augusto Melo
Pinto, defendida por Marlene, foi classificada no concurso de músicas de carnaval
promovido pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som. No ano
seguinte, a música "Ai amor" foi gravada no LP "Uma noite no
Drink", lançado por Helena de Lima. Uma de suas composições mais
conhecidas, "Estrela do mar", foi regravada por Beth Carvalho no LP
"Andança", de 1969; por Marisa Gata Mansa no LP "Marisa",
de 1971; por Altemar Dutra no LP "A força do amor", em 1972 e por
Maria Bethânia no LP "Drama - Ato nº 3", de 1973. Em 1980, teve as
músicas "O pato" e " O relógio", parcerias com Vinicius de
Moraes, lançadas no LP "A Arca de Noé". No ano seguinte, as músicas
"O peru"; "O pinguim" e "A formiga", parcerias
com Vinicius de Moraes, foram gravadas no disco "A arca de Noé volume
2". Em 1986, Caetano Veloso regravou "Calúnia", com Marino
Pinto, no LP "Totalmente demais". Em 1988, Maria Bethânia regravou
"Poema dos olhos da amada" no LP "Maria". Em 1990, no
projeto "O som do meio-dia" foi apresentado espetáculo em sua
homenagem, no qual suas obras foram executadas. Em 1996, Miltinho regravou
"Estão voltando as flores" e Emílio Santiago fez o mesmo no ano
seguinte. Em julho de 2001, o crítico R. C. Albin homenageou-o no espetáculo
"Estão voltando as flores", com as cantoras do Rádio, em que eram
passadas em revistas as maiores divas da era do rádio. O show virou disco de
igual título, lançado em 2002 pela Som Livre. No ano seguinte, a música
"Estrela do mar" foi regravada por Telma Costa no CD "Tempo
bom". Dentre seus sucessos, destacam-se "Estrela do mar", com
Marino Pinto, "Estão voltando as flores", "Insensato
coração", com Antônio Maria, "Já é noite", com Fernando Lobo e
"Sonho desfeito", com Tom Jobim.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
FESTIVAL DE MÚSICA PARANAENSE - 1982
Música e Letra de Luci Tavares, arranjo Celso Lück Jr. e grupo. Vídeo recuperado e digitalizado a partir de tape VHS gravado durante a realização do Festival de Música Parananense em 1982.
HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO POVOADO DE PARANAGUÁ *
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO
ROSÁRIO DE PARANAGUÁ
O mais antigo marco da civilização
do sul do Brasil - 1578
Histórico O topônimo Paranaguá
deriva dos vocábulos indígenas Paraná = grande rio e goá = redondo, evidente
alusão à baía que embeleza e enriquece o Município. As terras em que ele se
localiza, por ocasião da primeira divisão administrativa do Brasil, pertenciam
a Pero Lopes de Souza, Donatário da Capitania de Santo Amaro. A colonização
originou-se da imigração de habitantes de São Vicente e de Cananéia que, entre
1550 e 1560, se estabeleceram na ilha da Cotinga, receosos de ataques por parte
dos carijós. que dominavam o continente. Formou-se um arraial, progressivamente
desmembrado no período 1575-80, pelo estabelecimento da população em terra
firme, às margens do então rio Tagaré ou Taquaré, atual Itiberê. Em 1578,
construiu-se a primeira igreja, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário (há
quem afirme datar de 1560-65 essa construção). A primeira leva de colonizadores
sucederam-se outras, que se estenderam por todo o recôncavo, após terem entrado
em contato pacífico com os silvícolas. A descoberta de minas de ouro na serra
Negra contribuiu para o aumento da população, admitindo-se mesmo que dessas
minas tenham saído, em 1580, as primeiras amostras de ouro brasileiro para a
Corte Portuguesa. Embora seja esta a versão corrente, há quem deduza ter sido
povoada essa parte do território brasileiro em época anterior ao Descobrimento,
com base na afirmativa do historiador Roberto Southey referente ao naufrágio de
Hans Staden. Segundo ele, Staden teria encontrado portugueses e castelhanos
residindo e cultivando terras na costa de Superagui, em 1548 (ou em 1549,
segundo outros). Quando da concessão de sesmarias, uma delas coube a Diogo
Unhate, que a requereu em 1614, como recompensa por sua atuação, 29 anos antes,
no combate aos carijós. Essa sesmaria ficava no Superagui. O afluxo de
habitantes das vilas do Norte, atraídos pela mineração, atingiu seu máximo em
1640, quando chegou o bandeirante Gabriel de Lara, investido do governo militar
do povoado. Tinha ele a atribuição de defender o território que, para a
Metrópole, constituía posição de suma importância política e estratégica, pois
se tratava de firmar o domínio português, contestado pela Espanha. Em 1646,
antecipando-se as ordens da Metrópole, erigiu o pelourinho -símbolo da
autoridade e da justiça D'E1 Rei. Dois anos depois, a povoação tornava-se vila.
As eleições que então se verificaram foram as primeiras em todo o território
que atualmente compreende o Estado do Paraná. A vila recém-instalada tornou-se,
no período colontal, ponto de irradiação de povoamento e de organização de
bandeiras. Segundo outros historiadores, desde 1640, o Governador Duarte
Correia Vasqueanes, havia ordenado, do Rio de Janeiro, a ereção do pelourinho
em Paranaguá, o que fora feito a 6 de janeiro, e assim reconhecida a
necessidade de organização da justiça e da administração pública no arraial, até
então sob a chefia discricionária dos prepostos reais junto ao serviço das
minas auríferas. Uma Ata de vereança de 1654, em que figuram as assinaturas de
Domingos Peneda e de João Gonçalves Peneda, e a existência de uma propriedade
no Imbocuí, conhecida como Sítio dos Peneda, confirma a tradição de estar
Domingos Peneda vinculado à fundação de Paranaguá. Sobre o fato, há referência
no códice n.° 13.981, documento inglês do século XVII, atualmente integrando o
acervo do Museu Britânico. Em 1711, a Coroa Portuguesa comprou dos herdeiros do
donatário Pero Lopes de Souza as terras que lhe pertenciam, criando a Capitania
de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, que teve período de grande evidência
na época. O progresso de Paranaguá deve-se, em parte, ao elemento estrangeiro:
da corrente imigratória alemã vinda em 1829 para o Rio Negro, alguns
colonizadores estabeleceram-se no litoral; entre os anos de 1871 e 1872, uma
grande leva de italianos localizou-se nas terras junto à serra da Prata, dando
origem a várias colônias, entre as quais estava o atual distrito de Alexandra,
em 1896, várias famílias polonesas foram localizadas na colônia Santa Cruz. No
movimento de que resultou a Proclamação da República, o Município se destacou
por intensa propaganda, principalmente através de seu Clube Republicano,
fundado em 1887, congregando os principais adeptos do novo regime, entre eles
Nestor Vitor, mais tarde um dos principais críticos do movimento simbolista
brasileiro. Já no período republicano (1902), inaugurou-se a iluminação
elétrica pública; em 1908, instalou-se o serviço de telefones e, seis anos
depois, o de abastecimento de água e a rede de esgotos. Em 1934, construíram-se
as docas do porto de D. Pedro II, com 450 metros de cais acostável, passando
Paranaguá a figurar entre os principais portos brasileiros.
OURO Encontrar ouro nas terras do
Brasil foi o grande sonho acalentado pelos portugueses desde os primeiros dias
do descobrimento. Entre as regiões onde primeiro apareceram notícias de minas
auríferas, e que mais esperanças despertaram de grandes êxitos, figurou
Paranaguá. Terminado o ciclo de caça ao índio, continuaram os paulistas, agora
estimulados pelo rei de Portugal, a penetrar os sertões em busca do ouro. A
maioria dos bandeirantes rumava para o interior, para o norte, ou para o oeste,
mas alguns resolveram caminhar para o sul, junto ao litoral. Ultrapassando um
braço da Serra do Mar que se projeta até o litoral (a Serra de Taquari),
acompanhando a costa por mais de 35 quilômetros, chegaram a um local onde o
mar, avançando quase 50 quilômetros para o interior, interrompe o continente. A
entrada da baía é marcada ao norte pela ponta Inácio Dias, ao sul pelo pontal
do Sul e bloqueada pela presença de duas grandes ilhas – das Peças e do Mel.
Passando por um dos canais que separam as pontas e a as ilhas, encontram-se no
interior duas baías distintas. Uma, no sentido norte, é a das Laranjeiras, foz
dos rios Serra Negra e Tagaçaba. À outra, na direção oeste, recebendo inúmeros
riachos e com um bom porto natural, chamaram Paranaguá. Na lama dos ribeirões
que corriam para a baía de Paranaguá, os paulistas encontraram o ouro que tanto
procuravam. A notícia se espalhou, gente de São Vicente e do Rio de Janeiro
veio tentar a sorte. No porto, à entrada da baía, nasceu uma vila: Paranaguá;
no fundo, mais uma: Antonina. E mais para o interior, seguindo os ribeirões,
uma terceira: Morretes. A descoberta do ouro nos ribeirões que deságuam na baía
de Paranaguá trouxe gente e mais gente: de Santos, São Vicente, Cananéia, São Paulo
e até do Rio de Janeiro. No começo os contingentes se fixaram na ilha de
Cotinga, temerosos dos índios carijós. Aos poucos, mudaram-se para o
continente, fundando Paranaguá, o primeiro núcleo populacional paranaense
organizado pelos portugueses. A partir dele, inicia-se a ocupação das áreas
próximas, tendo sempre o ouro como motivação. Paranaguá ganhará forma política
e jurídica em 1646-1648, com a instalação do pelourinho e a organização de
eleições para definir as autoridades da vila. As minas do litoral ficavam a
oeste e ao norte da baía de Paranaguá. Os mineradores exploravam o cascalho dos
rios usando a bateia. As minas mais famosas do litoral foram a do Pantanal, a
Panajóias, Limoeiro, Marumbi, Serra Negra, entre outras. Mais gente foi
chegando e subiu os rios que deságuam na baía de Paranaguá. Passaram a Serra do
Mar para faiscar no Planalto ainda no século XVII. Em 1655 a Câmara de
Paranaguá solicita ao governador do Rio de Janeiro a instalação de uma oficina
de fundição na vila. Argumenta que a viagem com o ouro até Iguape para separar
o quinto era perigosa. A reivindicação foi atendida e a casa de fundição passou
a transformar em barras todo o ouro encontrado nos garimpos, colocando o
carimbo real e cobrando o quinto. A circulação de ouro em pó ou em pepitas era
proibida. As barras eram remetidas à Casa da Moeda do Rio de Janeiro,
transformadas em moedas e enviadas a Portugal.
O sociólogo Octávio Ianni sustenta que a Comarca de Curitiba foi
originalmente povoada por europeus chegados diretamente de Portugal a
Paranaguá, provavelmente atraídos pelas minas de ouro da região, e que, em
seguida, atravessaram a Serra do Mar com esse objetivo. Duas eram as rotas mais
usadas para alcançar o planalto; pelo rio Nhundiaquara; e pelo vale do Ribeira,
que nasce no segundo planalto paranaense, atravessa a Serra do Mar e deságua no
litoral paulista. Estabelece-se um caminho até São Paulo, direto, sem cruzar a
serra ou chegar ao litoral. As veredas abertas na travessia da Serra do Mar vão
originar os primeiros caminhos que ligaram o litoral com o planalto, como o da
Graciosa, Itupava e do Arraial. No Planalto a exploração atingiu grandes
proporções. Garimpava-se na região de Curitiba, Assungui, Tibagi. As minas do
Arraial Grande deram origem à cidade de São José dos Pinhais. Paranaguá
destacou-se tanto a ponto de lhe conferirem, em 1660, o título e as
responsabilidades de Capitania._ Assim permanecerá por meio século. O ano de
1725 assinala a separação das ouvidorias de São Paulo e Paranaguá. Todo o sul
fica subordinado a Paranaguá, alongando-se os territórios até ao Rio Grande, ao
Rio da Prata, inclusive o Uruguai. Passa-se mais de meio século e Paranaguá
continua o mais importante porto situado logo acima das conquistas espanholas.
A vila recebe as atenções e melhorias que lhe cabem como baluarte que se
destinava a ser diante das ameaças espanholas após a anulação do Tratado de
Madri. O ouro, entretanto, achou-se e se foi. Entre as providências diante da
ameaça espanhola, figurou a construção de uma fortaleza. As obras começaram em
1767. Para diminuir as despesas da Real fazenda, o governador de São Paulo
pediu que a Vila de Paranaguá auxiliasse como fosse possível. Os vereadores
convocados para tomar conhecimento da solicitação revelaram que Paranaguá
atravessava por essa época uma fase de extrema decadência econômica e social,
pois deliberou: “Que atendendo ao miserável estado da terra, a seus moradores
não lhes convinha contribuir com coisa alguma para a obra, pois que por
limitada que fosse [a contribuição] a julgavam violenta [...] e distinguindo a
qualidade dos seus moradores, se achariam só sessenta ou setenta com algum
tratamento, sendo tudo o mais gente de pé descalço [...] que o ouro que
produzia a comarca, compreendidas as vilas de Iguape, Paranaguá, Rio de São
Francisco e Curitiba, não excedia, um ano por outro, pelo manifesto da
Intendência, a cem libras pouco mais ou menos”. [Inserir mapa com a localização
das minas de ouro, com as vias de penetração dos faiscadores e o local das
minas principais] Do ponto de vista do colonizador, a mineração do ouro foi o
primeiro ciclo econômico do Paraná e deixou aspectos positivos para o
desenvolvimento da região. Possibilitou o povoamento do litoral, a fundação de
Paranaguá, o desbravamento e colonização do primeiro planalto, então
desconhecido, a fundação de Curitiba, a abertura e/ou consolidação de caminhos
que uniram o planalto curitibano ao litoral vencendo a Serra do Mar. Esses
caminhos constituiriam as vias de comunicação vitais para o desenvolvimento
regional. Ébano Pereira e Gabriel de Lara
O primeiro chefe de exploração que aparece na história do Paraná como
fundador de diversas povoações, entre elas Paranaguá, é Theodoro ou Eleodoro
Ébano Pereira. Não se sabe a data exata de sua chegada a Paranaguá. Estima-se
que tenha sido em princípios do séc. XVII. Por volta de 1650 já havia famílias
no local onde se lançaram os fundamentos da primeira povoação formada em
território do atual estado do Paraná. Ébano Pereira já estava em Paranaguá
antes de 4 de março de 1649, data em que comunicou à Câmara, instituída nesse
ano, sua qualidade oficial de Administrador das Minas. “A única autoridade
derivante do Governo-Geral do Rio de Janeiro com jurisdição nesse distrito do
sul era a dele próprio”, conforma Romário Martins. Ébano Pereira ficou pouco na
povoação da qual foi um dos fundadores, à margem esquerda do Itiberé, numa bela
planície, de acordo com Rocha Pombo. Ao
que tudo indica, o primeiro capitão-mor de Paranaguá foi Gabriel de Lara. Ele
exerceu muitos cargos na antiga comarca de Paranaguá: por volta de 1640 era
Capitão-mor, e em 1669 ainda era Ouvidor da comarca. Foi sob Gabriel de Lara
que se levantou o pelourinho, tanto em Paranaguá (1646) como em Curitiba
(1658). Gabriel de Lara não foi o primeiro a se estabelecer em Paranaguá.
Quando chegou à povoação, já encontrou muitos pioneiros de seu povoamento. Em
maio de 1632, Gabriel de Lara residia na vila de Iguape e antes de 1646 em
Paranaguá, onde se dedicava a descobrir jazidas de ouro. Em 1646, estava em São
Paulo anunciando descobrimentos de ouro no distrito que estava povoando. A
história de Paranaguá, à luz de documentos, começa com a ação de Gabriel de
Lara: o seu povoamento, o descobrimento de ouro, a organização social, a sua
fundação política e administrativa. Lara é o capitão-mor, o ouvidor, o alcaide,
o lugar-tenente do donatário (Marquês de Cascais), o governador da Capitania em
nome de El-rei. A partir de 1640 e até 1682, quando faleceu, Gabriel de Lara
ocupou todos os postos do poder público na terra que encontrou como núcleo
indeciso de aventureiros. Por isso é celebrado pela história oficial como o
homem que soube conduzir e desenvolver o povoado, tornando-o o mais importante
centro de civilização em seu tempo de todos os confins meridionais da Colônia,
depois de São Vicente.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
EUNICE DE ALENCAR GUIMARÃES VIANNA *
Eunice de Alencar Guimarães Vianna, bisneta de Visconde de Nacar, foi uma artista autodidata por excelência. Irmã de Eleuther de Alencar dos Guimarães Vianna, grande estilista modelista, nonagenário, que tem vestido com elegância, dedicação e esmero a alta sociedade curitibana com trajes de gala e luxuosos vestidos de noivas, com o refinamento de uma Moda de extremo bom gosto, trazem uma história riquíssima de toda a linhagem de família. Nascida a 10 de agosto de 1909, em Paranaguá, foi filha de João Rodrigues Vianna e Erina Braga Guimarães de Alencar Guimarães Vianna, esta, filha de Angélica Braga Guimarães e Leonel de Alencar Guimarães, por sua vez filho de Bárbara Augusta de Alencar Guimarães e Manoel Antônio Guimarães Filho, filho de Maria Clara Correia Guimarães e Manoel Antônio Guimarães, o Barão e, posteriormente, o Visconde de Nácar. Aos 7 anos de idade estudou no Colégio interno das Freiras do Cajuru, em Curitiba, permanecendo até os 18 anos de idade. Nunca aprendeu desenho ou pintura, mas em 1951, com o falecimento de seu pai, recebeu uma herança com a qual comprou uma livraria em Paranaguá e lá começou a se dedicar à pintura, estudando os livros de arte e desenvolvendo a policromia através da técnica do pontilhismo com a pintura a óleo. Vivendo então no Casarão Histórico da família em Paranaguá, juntou-se a um grupo de artistas, dedicando-se cada vez mais à pintura, trazendo temas diversificados como flores, peixes, aves, santos e figuras folclóricas. Em 1976 foi trazida por seu irmão Eleuther à Curitiba, passando a morar no edifício da Rua Mariano Torres, onde também está o atelier de costura deste grande estilista. Participou de várias exposições como o Salão de Artes do Círculo Militar, quando recebeu o prêmio de Menção Honrosa em 1984 e do salão Paranaense. Faleceu no ano de 1998, aos 89 anos de idade, deixando um riquíssimo acervo. Deste acervo 30 de suas obras, a Casa da Cultura Polônia Brasil tem o privilégio de apresentar à sociedade como um evento artístico , e de revelar mais uma parte do patrimônio da importante e respeitosa família Alencar Guimarães Vianna que fazem a história de Paranaguá e Curitiba.
Texto de Márcia Széliga.
domingo, 24 de julho de 2016
RACHEL DE SOUZA PEREIRA DA COSTA *
Rachel de Souza Pereira da Costa, nasceu em Paranaguá, no dia 03 de abril de 1926. Filha de Antonio Morais Pereira da Costa (Tonhá Régis) e de Maria Lupia de Souza Pereira da Costa. Órfã de mãe aos dois anos de idade, Rachel ficou aos cuidados de sua avó materna e de tia. Iniciou seus estudos em Paranaguá e, por algum tempo, estudou em Antonina para onde seu pai foi transferido por ser funcionário federal. Ao chegar a época de curso ginasial Rachel retornou a Paranaguá para continuar seus estudos, vindo a residir na casa do seu tio materno Eugenio José de Souza, político de destaque cidade e de sua esposa Erotides Arzua que ensinou a Rachel as primeiras noções de música e da técnica de pianísta. Com o retorno do seu pai a Paranaguá, voltou a morar com a família e terminou o curso ginasial no Colégio Estadual José Bonifácio e cursou magistério na Escola Normal Dr. Caetano Munhoz da Rocha. Sempre foi uma aluna destaque nos estudos, dedicada e sempre aprovada com distição. Continuou seus estudos de piano com a professora Maria José dos Santos Alves (dona zezita) que, em agôsto de 1942, isntalou em nossa cidade a academia musical de Paranaguá. Rachel concluiu o curso de piano e participou de vários recitais e concertos. Numa ocasião, a grande pianista Madalena Tagliaferro, ouvindo Rachel tocar elogiou sua interpretação e técnica e ofereceu a ela um curso de especialização pianística. A família não aprovou a idéia, pois naquele tempo os pais não permitiam aos jovens, principalmente as moças, saírem de casa sozinhas, para morar longe da família. Por essa razão continuou em Paranaguá. Na década de 1950, foi nomeada professora de musica e canto orfeônico do Ginásio José Bonifácio e da Escola Normal Dr. Caetano Munhoz da Rocha. Sempre dinâmica e competente organizou com seus alunos vários orfeões, festivais de música, apresentação de peças teatrais e grandes festa que aconteciam no palco do antigo Cine Teatro Santa Helena. Foi aluna de Pedagogia da primeira turma da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Paranaguá. Concluiu também o curso de especialização em orientação educacional, tendo prestado relevantes serviços como orientadora do Instituto Estadual de Educação. Em agosto de 1966 foi nomeada inspetora Regional de Ensino, cargo que equivale hoje a Chefe do Nucleo de Educação. Neste cargo desenvolveu vários trabalhos importantes dentre os quais a transferência do Colégio Estadual José Bonifácio para o prédio atual. no bairro da estradinha. Mas a grande paixão de Rachel era mesmo a música. Formou o primeiro Coral de professores de Paranaguá, o coral "Diva Vidal", que viajou representando nossa cidade no exterior. Rachel também dirigiu o conservatório de música de Paranaguá e como professora de piano, formou várias gerações de pianistas, entre elas Gisele Rizental, hoje concertista de projeção nacional. Era extremamente caridosa e preocupada com os mais humildes. Ajudou os jovens carentes com bolsas de estudos e foi uma das mantenedoras do Lar "Hercilia de Vasconcelos", ajudando com seu próprio salário. Era amante das artes em geral, presença sempre marcante e frequente nos recitais de poesias, espetáculos teatrais e apresentações musicais. Foi uma personalidade de grande influência na sociedade social e cultural parnanguara. Com o falecimento do seu pai, mudou-se para Curitiba, passando a trabalhar na Coordenação de núcleos da Secretaria de Educação, nunca se desligou completamente de Paranaguá. Mesmo morando em Curitiba vinha frequentemente supervisionar a escola de piano e assitir às audiçoes de suas alunas que ficaram sob a responsabilidade de Gisele Rizental. Após sua aposentadoria no Estado, continuou a lecionar piano e teclado, participou de vários corais em Curitiba. Faleceu em 13 de junho de 2005. Pela grande contribuição dada à nossa cultura, Rachel Costa tem seu nome incluído na galeria dos grandes vultos parnanguaras e a grande homenagem foi dado ao teatro de Paranaguá que leva seu nome.
texto da professora Maria Helena Mendes Nizio.
terça-feira, 19 de julho de 2016
ALTEVIR DA COSTA SOARES *
Altevir da Costa Soares - nascido na cidade de Ponta Grossa no dia 24 de agosto de 1905. Filho de Antonio da Costa Soares e de dona Maria do Carmo Ribas Alves de Oliveira Soares. Começou seus estudos em sua cidade natal, vindo a Paranaguá, estudou na Escola Faria Sobrinho. Com 16 anos foi trabalhar na firma Rocha & Cia. além de amigo era a pessoa da maior confiança da família Cominese, aonde permaneceu até a sua aposentadoria, foram 41 anos. Participou ativamente da vida social, recreativa e filantrópica de nossa cidade. Foi fundador do Aéro Clube de Paranaguá, sócio benfeitor do Clube Republicano e do Paranaguá Futebol Clube, colaborou com a Santa Casa. Foi fundador e presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Paranaguá, fez parte de várias diretoria da Federação dos Empregados no Comércio do Estado do Paraná. Religioso, convertido, foi membro da Igreja Batista de Paranaguá. Casado em 1ª nupcias com a dona Theodora Bittencourt Soares e com ela tiveram os filhos: Paulo Israel, João Apocalipse, Altevir Augusto, Antonio, Maria Luiza, Maria José, Ram Miroslau, Almir Augusto e Wilson Luiz. Do segundo casamento com a Professora Sarah de Araujo Soares, tiveram os filhos Maria Aurea, Moises Osiris, Stella Maris de Jesus, Rachel Tamar e Altevir filho. Faleceu no dia 11 de janeiro de 1975 em Paranaguá.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
CECILIANO DA SILVA CORREIA
Ceciliano da Silva Correia - nasceu em Paranaguá - filho do coronel Elisio Siqueira da Silva Correio
EM FASE CONSTRUÇÃO
ALBINO JOSÉ DA CRUZ *
O Padre Albino José da Cruz foi vigário coadjutor da paróquia de
Paranaguá; o primeiro professor da 2ª. classe de meninos, desde 10 de junho de
1845 e vigário da vara de Paranaguá. Mestre paciente, prestou bons serviços à
causa da instrução. Músico de grande valor, organizou um excelente coro que
deliciava a população durante os ofícios religiosos. Deus início à construção
da igreja de Nossa Senhora do Rosário do Rocio, que fora por êle benta. Pelas
suas raras virtudes, todos o estimavam e o acatavam. Faleceu Padre Albino, em
Paranaguá, no dia deixando duas filhas
órfãns.
segunda-feira, 11 de julho de 2016
ILDEFONSO PEREIRA CORREIA *
BARÃO DO SERRO AZUL
Ildefonso Pereira Correia - nasceu aos 6 de agosto de 1845, em Paranaguá. Seu pai, Comendador Manoel
Francisco Correia Junior, o moço, estava no ostracismo, depois de haver sido a
pessoa de confiança do governo imperial,
naquela comarca. Depois de ter sido um dos privilegiados do poder, encontrava-se
agora no ostracismo, pois cometera a imprudência de imprimir um manifesto solicitando
a separação da Comarca de Curitiba da província de São Paulo. Tal gesto foi considerado
uma ameaça velada, imperdoável e que lhe acarretou a destruição de todos os
comandos. vitima do desagrado
governamental, foi humilhado e esquecido. ficou pobre. A chegada de mais um filho
confortava-o naquela hora de frustração e desespero. Seu nome homenageia o
padre que o batizou: Ildefonso Xavier Ferreira, uma das figuras mais notáveis
do clero, do magistério e da política paulista. Em 1857, Ildefonso viu morrer o
pai, que aprendera a admirar com quase fanatismo, e do qual gravou como uma
advertência profética, as palavras pessimistas, ditadas no leito de dor: Vivendo com honra deves fazer por seres
independente, visto que só o real serve se a maldade triunfa sempre das
melhores, mais generosas e desinteressadas ações. O pequeno
Ildefonso estava acostumado a ver seus tios e irmãos mais velhos alcançarem
vôos em busca de posições eminentes na administração dos negócios públicos ou
nas câmaras, não deixando de considerar, no entanto, as flutuações da política
que traziam sempre decepções e desditas. Admirava o jovem imperador, que lhe
parecia ter saído de um conto de fadas. Seu irmão mais velho, Manoel Francisco,
exercia cargos no Império, chegando a ocupar o Ministério do Exterior e se
eleger senador. Outro irmão, Francisco, foi nomeado para o governo da província
de Santa Catarina. Suas irmãs, Maria Bárbara e Francisca, casar-se-iam
respectivamente com Agostinho Ermelino de Leão e Antonio Alves de Araújo,
igualmente destinados a presidir e província do Paraná. E, Eufrozina, que se
casaria com Cândido Ferreira de Abreu, mais tarde prefeito de Curitiba. Poder-se-ia
antever que o jovem parnanguara seguiria a vocação política de seus maiores, ou
por atavismo, ou por influência da atmosfera polêmica que diariamente
respirava. Os Correia possuíam uma nobreza própria, uma fidalguia peculiar,
independente mesmo dos títulos nobiliárquicos. Cursou as primeiras letras em
Paranaguá mas fez seu Curso de Humanidades no Colégio Fraze, em Nova Friburgo,
Província do Rio de Janeiro. Espírito prático, investigador e arguto,
orientava-se em todas as questões com admirável firmeza, principalmente em
finanças e economia política. Concluiu o curso com alta distinção. Ao regressar
à terra natal, com 24 anos, iluminava-lhe o semblante um indisfarçável otimismo
diante do futuro. Aproveitando-lhe os talentos, a família entendeu premiá-lo
com estágio em Montevidéu e Buenos Aires, os grandes centros consumidores da
erva-mate brasileira. Alarga-se-lhe a visão comercial. Ali, fez sólidas
amizades, aperfeiçou-se no estudo mercantil. Ao voltar, poderia se considerar
um expert. Ao festejar 27 anos,
encanta-o sua bonita prima Maria José, a quem carinhosamente, chama de Coca. O casamento entre parentes
seguia o costume da família. Paranaguá assistiu, em traje de gala, a cerimônia
nupcial, em 1872, a 24 de dezembro. O novo lar se consolidaria em Antonina. O
jovem industrial organiza, em sociedade com o irmão Pedro de Alcântara, casa
comercial de rápido sucesso. E com David Antonio da Silva Carneiro instala seu
primeiro engenho de mate. O êxito desses empreendimentos lhe permite viajar aos
Estados Unidos, quatro anos depois, e exibir seus produtos na célebre exposição
americana. Experimenta, pela primeira vez, o gosto fascinante do sucesso. A
fortuna começava a bater-lhe à porta. Formou-se no litoral uma elite de
ervateiros. Da concentração em torno do mate surgia uma aristocracia regional
fortemente próspera. Quando o tráfego pela Estrada da Graciosa deslocou o eixo
econômico do Estado, Ildefonso mudou-se, com a família, para Curitiba, onde
poderia melhor trabalhar com perspectivas de expansão comercial e industrial.
Adquire, amplia e moderniza o Engenho Iguaçu, na Rua Comendador Araújo. Projeta
o Engenho Tibagi e o conclui em 1884, conferindo feição completamente nova à
fabricação da erva-mate. Ildefonso dava largueza ao seu espírito criativo e empreendedor.
O traço, porém, que lhe ressaltava a fisionomia
moral era seu radiante espírito de caridade, o lado afetivo da sua natureza,
imensamente sensível e piedosa, aberta a todas as emoções altruísticas das
almas de eleição. Os benefícios que espalhava não consistiam em algumas esmolas
com que, algumas vezes, costumam os argentários, fartos e felizes, satisfazer a
vaidade.Ele protegia eficazmente, sem alardes, nem ostentação, antes com uma
modéstia e discrição de quem cumpre o dever mais simples do mundo os que
recorriam ao seu valimento; amparava os aflitos, animava os laboriosos e
estimulava os moços de talento. Em suma, a aproximação dessa meiga, simpática e
nobre criatura, de uma doce sedução pessoal, tinha qualquer coisa de suave, de
consolador e de afago paternal.Corria o mês de julho de 1891.Um frio intenso
cortava as carnes. Sobre os campos, pelas manhãs claras e louras, estendia-se a
alvíssima toalha da geada. Na véspera de São João, Ildefonso
convida Leôncio Correia a dar um passeio à Roseira, mas este, por motivo de
trabalho, não pode aquiescer ao convite. Na tarde do dia seguinte, tarde
implacavelmente batida de um frio enregelador, o filantropo paranaense
regressava. Ao jantar, Leôncio lhe indaga das impressões trazidas da viagem.
Ele sacudiu melancolicamente a cabeça e não disse nenhuma palavra. Finda a
refeição, no escritório, ele confidencia ao primo: Você
acertou em não ter ido... Que miséria! Criancinhas roxas de frio, apenas com
uma leve camisa sobre a pele! E por alimento – pinhões, unicamente! Um
espetáculo de cortar o coração! Pesou, por instantes, no ambiente, um silêncio
terrível. E, rompendo-o, tornou, passando significativamente, os dedos pelos
cabelos: Vou estabelecer lá uma serraria, para dar trabalho e ganho àquela
pobre gente! E assim o fez. Ildefonso, além de haver conquistado a
condição de maior exportador de mate da província, negociava com gêneros de
consumo e com madeira de pinho, produzida pelas Serrarias São Sebastião,
situada nos campos da Roseira, então distrito de São José dos Pinhais; Seis de
Agosto, instalada nas matas do Guatupê, então distrito de Piraquara; e Volteio
no Miringuava. Pertencia-lhe também a Olaria Santo Inácio... O traço que
completa a fisionomia moral do Barão do Serro Azul é o seu espírito de caridade.
Alma generosa e grande, amando o bem por índole, praticando a virtude
naturalmente, sem esforço, sem contrariedades, como se fizesse isso parte dos
deveres de sua vida. Homem inteligente e culto, possuía uma preciosa biblioteca
formada de livros, na maioria clássicos; apreciava a arte, principalmente a
arquitetura e a escultura. E, no apogeu de sua prosperidade industrial, ele
solicita o máximo esmero dos engenheiros italianos Ângelo Vendramin e Batista
Casagrande na conclusão de seu palacete , à Rua do Serrito, atual Rua Carlos
Cavalcanti. Nele se viam todas as novidades do Velho Mundo; atualizando-se com
as modernas conquistas da técnica, mandou implantar uma linha telefônica entre
o palacete e seus engenhos. Não raro os meninos travessos perturbavam as comunicações,
danificando os fios com raias e atiradeiras. Ele podia se dar ao capricho do
luxo e da opulência, sem perder, contudo, o traço de humildade e humanismo que
o mantinham aproximado dos pobres. Honesto e progressista, como comerciante e
como homem público. Grande alma. Coração bondoso.Caráter nobre e puro. Homem
laborioso e probo. Espírito empreendedor e de iniciativa. Foi o maior e mais
abastado industrial, no seu tempo. Todas as iniciativas progressistas e
caridosas buscavam o seu apoio, que não recusava, sempre que se tratasse do bem
da província ou da semeadura do bem a favor do próximo. Tinha satisfação em ser
útil: a sua bondade fez com que se lhe desse o título póstumo de Pai dos Pobres. Foi fundador,
mentor e 1º Presidente do Clube Curitibano e da Associação Comercial do Paraná,
do Banco Mercantil e Industrial do Paraná. Como político, pertenceu ao Partido
Conservador, mas, sem possuir espírito partidário, pois sempre foi liberal e
patriota, procurando conciliar e contornar as situações difíceis, embora,
muitas vezes, prejudiciais aos seus negócios. Quando em 1880, Curitiba se
engalana para a visita do Imperador D. Pedro II e Dona Tereza Cristina, o nome
de Ildefonso figura no grupo de recepção. Sua mulher, Maria José, também é
destacada para as honras do salão, no aristocrático baile do Museu Provincial,
em louvor da imperial comitiva. Conta a tradição que, no Paço, o Imperador
deveria ser saudado pelo Dr. Tertuliano Teixeira de Freitas. Verificando D.
Pedro II que o orador dispunha de um calhamaço volumosíssimo, arrebatou-lhe,
cordialmente, das mãos, agradeceu-lhe sorrindo, escondeu cautelosamente as
laudas e acenou para o povo, dando por finda a cerimônia. O baile empolgou a
sociedade. E não passou despercebido ao monarca, aquele casal sóbrio e
simpático, ao ritmo de Strauss. D. Pedro I estabelecera, por decreto imperial,
a Ordem da Rosa, tendo em vista perpetuar a memória do seu consórcio com Dona
Amélia de Leuchtenber e Eischtaedt. Diz-se que, ao avistar a imperatriz, que
desembarcou com um vestido de gaze branca, salpicado de rosas entreabertas,
assaltou o espírito do monarca, a idéia de constituir mais essa Ordem,
destinada a premiar militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se
distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador, e por serviços
prestados ao Estado. A Ordem da Rosa foi para D. Pedro II a moeda de honra de
que mais se utilizou, premiando o professor, o homem de iniciativa na indústria
e na lavoura, e o senhor que alforriava escravos. Sintetizava Amor e Fidelidade. Dentro desse espírito e obediente aos
interesses da Coroa, D. Pedro II, ao regressar ao Rio, por decreto de
31.08.1880, agracia vários cidadãos do Paraná,.pelos relevantes serviços
prestados ao Estado. Ildefonso Pereira Correia era um deles. Passaria a usar o
título de Comendador. Em 1884, quando a Princesa Isabel e o Conde D´Eu vieram
ao Paraná, coube ao Comendador oferecer seu palacete para residência dos
príncipes. Quando a campanha abolicionista inflama a Província do Paraná, o
Comendador Ildefonso Pereira Correia, toma-se de justo entusiasmo e declara, em
um discurso, comprometer-se na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de
Curitiba, a promover a emancipação dos escravos do Município, a fim de que, na
futura sessão magna dessa Associação, se pudesse afirmar que a capital da
Província não tinha mais escravos. Ele passou a comandar a campanha de
arrecadação de fundos, que tantos benefícios prestou à causa da abolição,
indiferente à crise do pinho no mercado internacional, que o obriga a liquidar sua
empresa de comercialização de madeiras. A campanha rendeu 408$000. Ildefonso
contribuiu com 150$000. Ildefonso Pereira Correia foi o 25º Presidente da
província do Paraná, ocupando o posto de 30.06.1888 a 04.08.1888. E por todos
os serviços prestados à Coroa, a 08.08.1888, ele é agraciado com o título de
Barão do Serro Azul. Onde meses depois proclama-se a República. Leôncio Correia
nos conta: Durante os últimos anos da monarquia, teve
sempre a seu lado, como amigo, um correligionário., Com ele entrou na
República. A ele colmava de gentilezas e cobria de obséquios, mas deixou de
corresponder a um pedido – e a derrocada afetiva foi estrondosa e cruciante!O
correligionário e o amigo, por escrito em jornais e arengas em todos os
lugares, movia-lhe uma insidiosa campanha de difamação. Dias passados – e bem
poucos - o agressor insólito adoece. À hora do almoço mandou-me que o
visitasse, mas em seu nome. Ao jantar, comuniquei que o visitado se encontrava
em situação duplamente deplorável: gravemente enfermo e sem recursos até mesmo
para aquisição de medicamentos. Finda a refeição, entregou-me com uma
naturalidade, uma despreocupação, uma modéstia encantadora, duzentos mil réis,
para que eu, discretamente, sem ninguém o percebesse, deixasse sob o
travesseiro do doente – recomendou-me.Uma semana decorrida, e este, após
dolorosa agonia, deixava a família na mais negra miséria. E ele me manda,
imediatamente, dar pêsames à família, com a incumbência, também, de obter
licença para fazer as despesas do enterro! Ildefonso mantinha a
simplicidade de uma vida metódica. Adorava passear pelos jardins da casa,
conduzindo pelas mãos os três filhos: Siroba, Colaca e Ildefonso, como a
despertar-lhes o gosto pela natureza e pelo milagre da criação. O jardim era a
sua vida. As camélias brancas, em especial. De porte mediano, magro, barba
sempre bem tratada, voz clara, afetado por ligeira surdez, caracterizava-o
singular aparência varonil. Detinha costumes austeros. Vestia-se com medida
discrição. A baronesa era expansiva,
espírito alegre e aberto. Muito espirituosa: amiga da pobreza. Dedicava-se às
campanhas filantrópicas e detestava as recepções de gala. Distribuía, no Natal,
presentes a mancheias. Seu jeito descontraído e aberto contrastava, em parte,
com o ar senhorial do Barão. Mas, ainda, assim, o casal se completava.
Ildefonso, obedecendo tradição familiar, pois a primeira Loja Maçônica do
Paraná, criada em Paranaguá, tivera seu pai entre os fundadores, filiou-se à
maçonaria. Não se tem data exata de sua iniciação, pois a documentação
desapareceu no incêndio que devorou, em 20.01.1922, o Templo Maçônico da Loja
Perseverança. Sua mulher, Maria José, chegou a presidir a Loja Filhos de
Acácia, organização feminina paralela, coadjuvada por Dona Josefina Rocha, nas
campanhas filantrópicas, em que se notabilizou por suas virtudes peregrinas. No
período revolucionário, em que se digladiaram os maragatos e os pica-paus, ou
seja, os federalistas e os florianistas, coube ao Barão do Serro Azul papel de
grande relevo. Providenciou o policiamento da cidade, a fim de evitar os
inconvenientes da completa ausência das autoridades, pois Vicente Machado
transferira a capital para Castro e se retirara para São Paulo. Coube-lhe o
arrebanhamento do Empréstimo de Guerra lançado pelos revolucionários vitoriosos.
O imposto de guerra lhe trouxe muitas animosidades. Mas agiu com eqüidade nas
taxações, entregando o lançamento do empréstimo aos negociantes mais
conceituados. Quando lhe aconselham a fugir, no momento em que o governo legal
é restaurado e as tropas de Floriano se acham a caminho, ele se escusa: Foi para garantir a propriedade dos nossos
concidadãos e a honra da família paranaense, que tomei a única atitude que as
circunstâncias aconselhavam. Não sou, nem fui um revolucionário, mas apenas um
amigo da minha terra. Nunca duvidei da vitória do Marechal Floriano, homem
refletido e calmo, que sabe coordenar energias e despertar dedicações. Quem vem
comandando a divisão legalista? Não é o General Ewerton Quadros, um grande
espírita/ E o Espiritismo não é a religião do amor? Estou ansioso por um
tribunal, perante o qual possa, com provas, afirmar a minha inocência e
explicar a minha ação. Quando chegou a Curitiba o General Quadros,
muitos foram assistir a sua entrada triunfal. O Barão iluminou o palácio. Mas,
alguns amigos disseram-lhe ser perigoso, porque havia animosidade dos
florianistas contra ele. O bondoso homem ficou admiradíssimo com a notícia.
Estava convencido de que o General viria a sua casa agradecer-lhe por ter salvo
a cidade dos horrores do saque! Cresciam os rumores da prisão de Serro Azul.
Amigos seus aconselharam-no a fugir. Em vão. Nada tinha a temer, respondia.
Entretanto, para surpresa sua, recebeu ordens de permanecer em casa, em cárcere
privado. Escreve então ao Coronel Pires Ferreira, considerando-se prisioneiro.
Isto a 5 de maio de 1894. Os amigos insistiam no propósito de salvá-lo, certos
de que ele seria sacrificado, mas respondia a todos invariavelmente: Se fugir, supor-me-ão culpado, e como não quero
que me suponham culpado, não fujo! Apesar disso, preparam-lhe tudo.
Até o carro para sair pela Graciosa está pronto no dia marcado. Supuseram
dobrar-lhe a vontade. Sem êxito. A 8 de maio de 1894, escreve ao irmão, o
Conselheiro Manoel Francisco Correia: Meu
irmão.Vítima das intrigas e das calúnias dos invejosos, estou, desde ontem ao
meio-dia, retido em minha casa, à espera da organização de um tribunal ou
comissão para julgar meu procedimento desde meados de janeiro. As acusações que
me fazem são falsas ou sem fundamento. Tenho consciência de que tudo quanto
pratiquei, logo que o nosso Estado foi invadido pelas forças revolucionárias,
somente obedeceu aos mais nobres e puros sentimentos.Não quis aceitar conselhos
amistosos para fugir para o Rio de Prata logo que as forças legais expulsaram
as revolucionárias. A minha fuga me tiraria ocasião de justificar-me, daria
razão às calúnias e seria a confissão de que eu não confiava na imparcialidade
dos juízes legais. Nem criminoso, nem revolucionário sou.Os tempos são de
provações, e eu a elas me subordino pacientemente. Quase
não posso escrever, pelo que peço mande esta ao Dr. Ubaldino.Minha mulher está
muito pesada. Espero mais um herdeiro ou herdeira no próximo mês.Saudades a
todos da família. Seu irmão e amigo Serro Azul. Dia 9, Serro Azul
recebeu nova intimação. Deveria recolher-se ao quartel da 1ª. Divisão, à Rua
Pedro Ivo. Aí se revelou o amor do povo por aquele homem. Apesar dos dias de
insegurança que se respirava, ele recebia a visita diária de mais de 300
pessoas, de todas as classes. Por medida de segurança, pois corriam rumores de
que seus amigos tentariam raptá-lo, desde que ele não se propunha a fugir, o
General Ewerton Quadros, comandante das forças em operações, tratou de
transferi-lo para o Quartel de Infantaria da Trajano Reis, tornando-o
incomunicável. Na noite de 20.05.1894, Ildefonso e seus companheiros
Presciliano Correia, José Augusto Ferreira de Moura, José Schleder, Balbino
Carneiro de Mendonça são acordados com ordens de embarque para o Rio. A escolta
subiu a pé a atual Trajano Reis. Os prisioneiros se comunicavam silentes, pela
expressão dos olhos, com certo ar de espanto. Tinha a marcha um toque sinistro,
misturado ao barulho das espadas resvalando na calçada, em contraste com o
silêncio tumular da noite. Caía uma chuva fina, hibernal. Mesmo sob a agrura da
humilhação e do vexame, Serro Azul parece tranqüilo, escudo e rocha de um grupo
de homens desorientados e perplexos. E a comitiva, acrescida de Mattos Guedes,
prisioneiro que estava na Praça Tiradentes, chega à estação. A locomotiva, a
puxar três vagões soturnos, rompeu, sem tardança, entre apitos e ruídos
cortantes. A convicção íntima da inocência infundia-lhes coragem. Poderiam
enfrentar, sem receio, os juízes e as leis da República. Schleder apalpava nos
bolsos copiosa documentação: as provas da sua inocência. Esse convencimento
renova-lhes a fortaleza do espírito e a confiança no amanhecer de um novo
dia... O que feria mais profundamente, naquela hora, a Ildefonso Correia, era a
lembrança da sua mulher, grávida e desesperada, longe dos seus afetos e
desvelos, indefesa e frágil na sua desdita. (A criança nasceu morta). É
evidente que a parada à margem da grota próximo ao Km 65 se deu por engano do
comando da escolta. Manda a razão que se aceite haver, a ordem dada, sido para
que se fuzilassem os presos junto a um dos muitos precipícios da serra, e de
forma que os corpos desaparecessem para sempre, no abismo. Conta-se que, a
despeito do luar, havia nevoeiro, e este, por certo, cobria os vales, como em
geral ocorre naquelas paragens. Disso resultou o engano, pois o local em que a
ordem foi cumprida era dos mais impróprios, tanto assim que os cadáveres foram
avistados da linha férrea, no dia seguinte. Quando o trem parou, em súplicas e
prantos, resistindo, foram, um a um, evacuados a coices de fuzil. Em seguida, a
descarga mortífera e o eco se repetindo pelas quebradas da serra. Serro Azul,
patético e confuso, protestava em vão. Prometeram em recurso extremo, repartir
sua fortuna com os oficiais da escolta, se os poupassem. Inutilmente. Sofreu o
impacto do primeiro tiro na perna. Sangrando em abundância, pôs-se de joelhos
pretendendo orar. Balbuciou, débil e trêmula, a derradeira prece: Meus filhos! E caiu, abismo abaixo,
atingido mortalmente na testa. Aos gemidos dos moribundos se acrescentou o coro
singular das aves agourentas. Escandalizada, a natureza pôs-se a chorar na
lágrima do orvalho para esconder o sangue da perfídia. Noite sem estrelas, de
luto celestial.Nas grotas e nos cumes há um silêncio de morte.Emanações leves
de flores e visões de camélias brancas. Perfume de imortalidade.Os corpos foram
resgatados somente a 25 de maio, quando lhes foi dada sepultura.Durante 40
anos, seu nome foi proibido de pronunciar no Estado do Paraná. O resgate de sua
memória foi realizado a pouco e pouco, através de várias publicações. Mais
recentemente, em 2003, foi lançado o filme O preço da paz, com o objetivo de colocar em seu devido
lugar a memória honrosa de Ildefonso Pereira Correia.O filme ganhou Kikitos de
Ouro de Melhor Edição e Melhor Direção de Arte e o Prêmio do Júri Popular, no
Festival de Gramado. Em Curitiba, na Avenida Visconde de Guarapuava, uma Casa
Espírita ostenta o seu nome: Centro Espírita Ildefonso Correia. Bibliografia:
01.OITIBERÊ.Paranaguá,v.II,anoII,nº9,jan.1920.
02.REVISTAPANORAMA.nº44,p.50,51,25,jan.1956.
03.NICOLAS,Maria.Vultosparanaenses.1958.v.3.
04.LEÃO,ErmelinoAgostinhode.DicionárioHistóricoeGeográficodoParaná.v.1. 05.BALÃOJUNIOR,Jaime.ImpressõesLiterárias.1938.
06.COSTA,OdahReginaGuimarães.AçãoempresarialdoBarãodoSerroAzul.1981. 7.PILOTO,Valfrido.Paranistas.1938.Atragédiadokm.65.- 8.VARGAS,Túlio.AúltimaviagemdoBarãodoSerroAzul.1973 - 09.CORREIA, Leôncio. Barão do Serro Azul. 1973. texto na íntegra do CENTRO ESPIRITA ILDEFONO PEREIRA CORREIA
02.REVISTAPANORAMA.nº44,p.50,51,25,jan.1956.
03.NICOLAS,Maria.Vultosparanaenses.1958.v.3.
04.LEÃO,ErmelinoAgostinhode.DicionárioHistóricoeGeográficodoParaná.v.1. 05.BALÃOJUNIOR,Jaime.ImpressõesLiterárias.1938.
06.COSTA,OdahReginaGuimarães.AçãoempresarialdoBarãodoSerroAzul.1981. 7.PILOTO,Valfrido.Paranistas.1938.Atragédiadokm.65.- 8.VARGAS,Túlio.AúltimaviagemdoBarãodoSerroAzul.1973 - 09.CORREIA, Leôncio. Barão do Serro Azul. 1973. texto na íntegra do CENTRO ESPIRITA ILDEFONO PEREIRA CORREIA
JOAQUIM FRANCISCO DO AMARAL E MELLO *
Joaquim Francisco do Amaral e Mello, nasceu em Recife Pernambuco. Nomeado
para o cargo de guarda da Alfândega e não havendo vaga no seu Estado natal, escolheu
Paranaguá. Casou com Dna. Amenaide Santos do Amaral e Mello, não deixando descendentes.
Foi guarda Mor da Alfândega por muitos anos, benquisto na cidade, ocupou por várias
vezes em diretorias dos Clubes locais, foi eleito presidente do Clube
Republicano e também na Liga de Futebol. Viúvo, adoentado, procurou médicos em Curitiba
onde veio a falecer.
FONTE CLUBE REPUBLICANO
JOÃO MENEZES DÓRIA *
Dr. João Menezes Dória nasceu em Paranaguá em 27 de outubro de 1857. Era filho do cidadão italiano Luis Dória, natural de Turim, que adotou como segundo prenome Tibiriçá, por simpatizar com a figura do cacique indígena, e de Adelaide de Menezes, de ilustre família de Paranaguá. Luiz e Josepe vieram para o Brasil para não serem chamados à guerra que ameaçava seu país por uma questão da Savoia. Josepe ficou na Bahia e Luiz veio ao Paraná, onde se radicou. Como todo italiano, possuía espírito artístico. Luiz logo ficou amigo do Maestro Bento A. de Menezes, do engenheiro Ricardo (que trabalhava na construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba) e de suas irmãs Francisca, pianista e cantora, e de Adelaide, com quem se casou. Claro que ao centro de convergência era o Maestro Bento, que tocava violão, rabecão, violino, harpa, cítara, piano, e que formava com as irmãs e a cunhada Maria Cândida, uma interessante orquestra, a que Luiz aderiu apaixonadamente. Adelaide, pianista consumada, fez parte da orquestra que tocou no Paço Imperial por ocasião da abertura da temporada lírica, quando já existiam seus filhos João, Henrique e Arthur. João Menezes Dória fez seus estudos primários em Paranaguá, e iniciou em Curitiba o secundário, que só completou no Rio, para ingressar em estudos superiores. Para conseguir meios de continuar estudando, passou a lecionar. Formado em 1879, já casado, em primeiras núpcias com Delfina Machado Leal, de Niterói, com essa esposa teve dois filhos: Edgard e Sílvio. Em 1881 foi para Ponta Grossa, onde iniciou sua carreira como médico de todas as fazendas dos arredores da cidade. Mais tarde veio para Curitiba, trazendo do interior uma fortuna apreciável e ingressou na política. Agitado, algo boêmio, mas homem de excelente coração, algumas passagens da sua vida são conhecidas: certa vez, meio adoentado, foi chamado a atender uma criança que passava mal. Sua tendência foi a alegar sua própria enfermidade. Quando soube que se tratava do filho de um inimigo político, vestiu-se às pressas e foi. Era um caso de difteria e a criança não podia respirar quando o Dr. Dória chegou. Aplicou então o último recurso: realizar respiração forçada aplicando a sua boca à da criança, arriscando sua própria vida. Resultado: salvou-se a criança e ele ficou com difteria. Ganhou, porém, dedicações incondicionais. Durante a revolução de 1894 no Paraná, o seu prestígio médico refletia-se na política. Maragato fanático, excedia-se na ousadia e combatividade, rebelde e corajoso, era constante desafio aos adversários que o respeitavam e admiravam ao mesmo tempo. Criava dissidências com a mesma facilidade com que aglutinava aliados. Parecia figura saída dos romances de capa e espada. Seus sistemas táticos, durante os agitados dias de 1894, fizeram época, mas como no centro o Marechal Floriano era o mais forte, teve que fugir aos primeiros sinais de derrocada. Exilou-se com outros amigos em Buenos Aires, e só voltou à Pátria depois de anistiado. Tornou a casar-se em 1898. Durante um período de um ou dois decênios absteve-se deintervenção política; mas aos poucos retornou as lides, criando jornais de oposição e tomando atitudes intensamente agressivas, até que, durante o governo de seu antigo correligionário Affonso Camargo, com quem aliás se desaviera havia muito, de sociedade com Otávio do Amaral pelo “O Estado” iniciou uma campanha demolidora contra a reputação do presidente, que causaria a sua prisão imediata, se não recebesse o recado: “Dr. Dória: Esconda-se porque a polícia tem mandado de prisão contra si e anda no seu encalço. Diga ao seu advogado que veja o Artigo 316 da Lei n 322 de 8 de maio de 1899”. Esse recado anônimo indicava a origem: “Um amigo a quem já o senhor fez bem”. O resto de sua vida, mesmo depois de 1930, continuou lutando, especialmente como franco atirador em política, muitas vezes em desacordo com seus antigos correligionários. E como médico, fazendo ao seu redor o maior bem possível, na realidade foi uma figura invulgar, que a sua beleza física facilitava para os lances de dramaticidade aventurosa. Faleceu no Rio de Janeiro, a 04 de dezembro de 1934, quando para ali foi em busca de alívio para seus males. Tinha então 77 anos. Está sepultado no Cemitério de S. João Batista. Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994.
JOÃO GUILHERME GUIMARÃES *
A vida do Comendador João
Guilherme Guimarães, é cheia de serviços a sua terra e nós aqui vamos
traçar em rápido esboço a sua biografia . O Comendador João Guilherme
Guimarães, nasceu na cidade de Paranaguá, em 8 de maio de 1857, sendo filho do
Visconde do Nácar (Manoel Antonio Guimarães) e de d. Rosa Correia Guimarães.
Quando completou 24anos, em 1881 , estando no Rio de Janeiro como estudante,
foi chamado por seu pai para vir a ssumir a chefia da casa comercial, fundando
então a firma Visconde de Nácar e Filho, sucedida em 1890 pela razão de
Guimarães & Cia. No nosso alto comércio ocupa lugar de destaque a firma
Guimarães & Cia., chefiada pelos Snrs. Arcesio e Acrisio Guimarães, da qual fez parte com o solidário e
comanditário o Comendador João Guilherme Guimarães. Casou-se em 31 de
março de 1883 com D. Clotilde Miro Guimarães, de cujo matrimônio nasceram
quatro filhos: Erasto e Clio, falecidos em tenra idade, e Arcesio e Acrisio .
Em 20 de junho de 1888 foi nomeado Coronel Comandante superior da Guarda
Nacional da Comarca de Paranaguá. A 25 de maio foi agraciado como oficial ato
da imperial Ordem da Rosa. Em 1887 foi eleito vereador da Câmara Municipal de
Paranaguá, tomando posse deste cargo no ano seguinte, sendo escolhido para
presidente. Em 1889 foi nomeado intendente municipal, cargo que recusou. Em
1891 foi nomeado prefeito municipal de Paranaguá, cargo que ocupou até 1900
durante dois quatriênios. Em 1892, por ocasião da revolta Armada, organizou em
poucos dias a Guarda Nacional tendo entregue ao comando da guarnição, um
batalhão de infantaria e duas companhias de artilharia. Dias depois tinha um
atrito com o comandante da guarnição, por pretender este invadir atribuições
que não lhe pertenciam.O caso foi comunicado ao Rio e o presidente da República
e o ministro da Justiça prestigiaram a ação do Coronel João Guilherme. Fora mas
sim, por sua ordem, empossados os oficiais que nomeara para preencher as vagas
no estado maior das forças que organizara. Passou, então, o exercício de seu
cargo ao seu substituto, Coronel Theodorico Julio dos Santos. No ano seguinte,
a 15 de janeiro, dava-se o levante das companhias de artilharia e o Coronel
João Guilherme prestou poderoso auxílio ao comandante da praça de Paranaguá,
pelo que mereceu pomposos elogios em ordem do dia. Seu nome foi escolhido para
figurar na chapa de deputados estaduais à Constituinte. Por duas vezes, um ano quatriênio de 1896 a 1900 e a segunda
no quatriênio 1900 a 1904, João Cândido, foi insistentemente convidado a se
candidatar à vice-presidente do Estado, tendo duas vezes recusado. No período
de 1894 a 1900 foi provedor da Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá,
devendo-se à sua gestão a construção do prédio que hoje se elevan a praça
Ouvidor Pardinho, desta cidade . Foi presidente do Clube Literário durante 18
anos em várias gestões, sendo a primeira em 1882. O atual prédio desta
sociedade foi construído graças aos seus esforços. Foi eleito presidente de
Tiro de Guerra 99, em 1899, por unanimidade, não tendo aceito a investidura. Em
18 de outubro de 1908 foi eleito, também por unanimidade, presidente do Tiro de
Guerra 99. Em 1917 comanditou-se na sua firma comercial, passando a chefia ao
seu filho Arcesio. A ação do comendador João Guilherme exerceu-se também na
imprensa: durante sua gestão como prefeito publicou-se o Almanaque
Paranaguense, obra de real valor, sob a direção do professor Honorio Decio da
Costa Lobo. Quando presidente do Club Literário fundou a tipografia do «O
Itiberê», jornal de grande formato, então dirigido por Joaquim Soares Gomes e
Dr. Leocadio José Correia. Por iniciativa sua foram fundados os jornais
políticos « A Ordem», « O Constituinte, e «A Nação». Com o um dos maiores
acionistas, foi fundador da «Gazeta do Povo», o grande órgão da imprensa
curitibana, em plena atividade. No Rio de Janeiro foi um dos fundadores da
Sociedade Humanitária Paranaense, extinta em 1890. Filiado ao Clube Literário e
com uma subvenção de CR $500,00 do governo provincial, fundou um curso
comercial que ótimos serviços prestou ao Paraná. Fundou, mais tarde, um curso
escolar sob a direção do professor Serapião, e tentou posteriormente a fundação
de outros dois cursos idênticos, um sob a direção da professora Olívia Pereira
Alves, e outro do professor Icilio Orlandini. Foi presidente da Associação
Comercial de Paranaguá e, também, de Curitiba. Foi na municipalidade de
Paranaguá, porém», que a sua ação mais se salientou. Durante a sua
administração foram construídas as casas escolares Dr. Faria Sobrinho e
Humanitária Paranaense; (HOJE O IHGP) foi desapropriado o Matadouro e aumentado
o seu campo de pasto; foi adquirida a chácara denominada da Pinta, para nela
ser instalado o Lazareto Municipal, isto sem subvenção do Estado; foi aumentado
o mercado público e construído o chalet do peixe; foram estabelecidos os
serviços de remoção do lixo, limpeza e capinação das ruas; foi drenado o campo
do Arsenal; foi aberta comunicação para o Boulevard Serzedelo- (HOJE CEL. JOSÉ
LOBO) (idéia desprezada pelos seus sucessores), que preferiram abrir a rua
Marquês do Herval, (HOJE AV. GABRIEL DE LARA), com grande prejuízo para o
Município); fez-se a estrada da estação Alexandra a Santa Cruz para facilitar a
saida dos produtos coloniais. Na linha Cândido de Abreu, na colónia Maria
Luiza, estabeleceu 13 famílias de colonos polacos, que estavam sem abrigo e
dormindo ao relento, ato que veio demonstrar como seria possível localizar na
marinha parte dos colonos que o governo federal destinava a Prudentopolis. Este
fim foi conseguido, mas o governo abandonou a conservação da estrada da colónia
Maria Luiza e os colonos mudaram se para Guarapuava. Mais tarde o cônsul
austríaco, na capital, mandou agradecer ao comendador João Guilherme os serviços
prestados aos colonos. Outros serviços ainda foram feito sem sua fecunda
gestão: várias ruas foram calçadas e executado s muitos melhoramentos urbanos,
inclusive a Praça Comendador Manoel Ricardo Carneiro; reforma de pontes e
lavanderias, levantamento do cadastro da cidade e do Rocio; estudo para
canalização de água na cidade, esgotos e instalação de luz elétrica, cujos
serviços não efetuou porque naquela ocasião,
se convenceu, os recursos municipais não o permitiam e a população iria
ficar demasiadamente onerada. Eis aí quais os serviços prestados a sua terra
pelo venerando paranaense, falecido a 26 de outubro de 1927, nesta cidade cuja
vida honrada servirá de exemplo e será lembrado para todo sempre.
JOÃO GOMES RAPOSO *
Maestro João Gomes Raposo, nasceu
em São Francisco do Sul, Estado de Santa Catarina no dia 12 de agosto de
1867, Era filho de João Inácio Raposo e
de Maria de Lourdes Raposo. Foi casado com a dona Maria do Rosário Pinto Raposo
e tiveram quatro filhos, Adaliza, Aline, Eustáchio e Lauro. Ainda jovem veio
para Paranaguá, aqui chegando em 1887, onde fixou residência. Culto de arte
musical, em pouco tempo conseguiu introduzir-se na Sociedade, procurando os
elementos mais em evidências na música. Ligado por afeições recíprocas ao
maestro Caetano José de Lima, pai de José Itiberê de Lima (cazuza), que regia a
Banda Progresso e uma Orquestra, onde tomavam parte os musicistas Jacinto
Manoel da Cunha, Bento Antonio Meneses, Antonio Julio, Ricardo Costa, Manuel
Adriano e João Gomes Raposo, revelando e demonstrando a grande capacidade,
inspiração e gosto pela musica, foi distinguido pelo próprio maestro, que lhe
entregou a batuta, uma evidente revelação publica de reconhecimento ao valor do
jovem que ingressara no grêmio musical paranaguense. João Gomes Raposo, em
1900, foi eleito suplente de vereador à Câmara Municipal de Paranaguá. Musicista
consagrado, de grande recurso, são de sua autoria os hinos dos Clube Republicano, do Clube Operário, extinto, várias composições sacras, o hino do
município de Paranaguá, baseada na poesia do Capitão Domingos Virgilio do
Nascimento, oficializado pela Lei nº 188 de 29 de julho de 1910, quando, em
pessoa, esteve presente em sessão solene. O maestro João Gomes Raposo, depois
que aqui fixou residência, sempre viveu em Paranaguá, mas, as suas melodias, que
foram tantas, era executada pela orquestras e bandas musicais das principais
cidades do Brasil. Exerceu cargos de Fiscal Geral da Prefeitura. Inteligente,
operoso, dentro de sua arte prestou relevantes serviços à cidade, tendo
organizado e dirigido algumas bandas musicais que fizeram épocas. Ministrar ensinamentos
a várias gerações. O maestro João Gomes Raposo, faleceu em Paranaguá, no dia 2 de outubro
de 1927.
JOÃO BATISTA BÓRIO *
João Batista Bório, nasceu em 17 de abril de 1851 em Torino, Itália. Em
1875, chegou em Paranaguá com sua esposa
Dna. Maria Constantina, sendo que sua esposa faleceu em poucos meses de sua
chegada. Casou-se pela segunda vez com Dna. Flora Paiva em Paranaguá o que ficou
viúvo 10 anos apôs o enlace. Em 1888, a convinte do seu amigo Comendador Manoel
do Rosário Correia foram viajar para Italia e lá conheceu sua prima a voltando em 1889 para se casar com sua prima
a notável educadora Ludovica Caviglia Bório. Chegando a Paranaguá montou a firma
Bório e Companhia explorando o ramo de livraria, papelaria e tipografia. Em 1893,
fundou o jornal "O Comércio", passando então seu estabelecimento
comercial ser o ponto de reunião dos intelectuais de Paranaguá. Nesta mesma
época foi nomeado Agente Consular da Itália. Participou da vida social sendo um
dos colaboradores com a compra da sede própria do Clube Litterario e foi eleito
presidente do Clube Republicano. Em 1897, passou a colaborar no jornal "O Bouquet".
Em 1921, transferiu seu estabelecimento para Curitiba, vindo a falecer no dia 2
de maio de 1936 .
FONTE CLUBE REPUBLICANO
JOÃO BALDUINO ALVES CORDEIRO *
João Balduíno Alves
Cordeiro, nasceu em Paranaguá no dia 7 de abril de 1877. Filho de João
Alves Cordeiro e Rosalina Alves Cordeiro. Foi casado com Amélia Garcia
Rodrigues Cordeiro, suas filhas
Chemérides casada com João Onofre da Paz e a Natalina poetisa faleceu um
ano após seu casamento. Suas primeiras letras foram feitas em Paranaguá, auto
didata, funcionário da Prefeitura onde exerceu o cargo de Procurador. Foi
fundador do Centro Espírita Paz e Luz; republicano autêntico, muito lutou para
a implantação do novo regime político em Paranaguá; se destacou nas letras,
escrevendo poesias e sonetos sobre sua terra natal. Fez parte de várias diretorias do Clube Litterário e do Clube Republicano no qual foi seu presidente. Faleceu em Paranaguá no ano
de 1939 ..
JALY FÓES *
Jaly Fóes, Nasceu
em Florianópolis, SC, em 19 de agosto de 1907 e faleceu em Paranaguá, em 1987. Em 5 de dezembro de 1963
a Câmara Municipal de Paranaguá, lhe concede o título de cidadão honorário da cidade.
Exerceu vários cargos de relevância na cidade de Paranaguá, aos quais se dedicou
com afinco e perseverança, quais sejam: Administrador do Porto de Paranaguá; Presidente
da Associação Comercial de Paranaguá gestão 1959/1963; Chefe de Gabinete da Prefeitura
Municipal de Paranaguá na gestão do prefeito Joaquim Tramujas; Tesoureiro da construção
da casa do Bispo de Paranaguá; Funcionário da Companhia Nacional de Navegação
Costeira;- Voluntário na administração do Asilo São Vicente de Paulo de
Paranaguá;- Voluntário na administração da Casa do Pequeno Jornaleiro de
Paranaguá. Participou de varias cargos dos clubes sociais como Litterario,
Republicano e Olimpico. Filho de
Abib Foes e Badia Gazeme Foes. Foi
casado com dona Leonor dos Santos Foes, seus filhos: Augusto José Foes (falecido),
Rubens Foes (falecido), Helio dos Santos Foes, morador de Paranaguá e Jayme
Antonio dos Santos Foes, morador de Florianópolis
ISEU DE SANTO ELIAS AFFONSO DA COSTA *
Iseu de Santo Elias Affonso da Costa (Paranaguá, 27 de outubro de 1926 - Curitiba, 4 de novembro de 2010) foi um médico brasileiro pioneiro da cirurgia cardíaca brasileira e primeiro discípulo do Professor Euryclides de Jesus Zerbini.Biografia - Filho de Francisco
Jejuhy Affonso da Costa e Iva Pereira Corrêa, transferiu domicílio para
Curitiba ainda na adolescência. Ingressou no curso de medicina da UFPR no ano de 1945 e, após três anos, transferiu seus estudos para a USP, onde veio a ser formar em 1950. Fez sua residência médica em São Paulo, sendo o primeiro discípulo do
Professor Euryclides de Jesus Zerbini. Posteriormente, aprimorou seus conhe- cimentos no exterior,
sendo bolsista na Escola de medicina da Universidade de Stanford, na Fundação Alexander von Humboldt, em Dusseldorf e em Munique. Também foi professor visitante na Universidade da Califórnia, em Irvine. De volta
ao Brasil, iniciou sua trajetória acadêmica na UFPR, como Livre-docente de Técnica operatória e cirurgia experimental no ano de 1957. Seguiu sua carreira universitária tornando-se professor titular de cirurgia
no ano de 1978, cargo que manteve até a sua aposentadoria em 1994.Foi um dos
pioneiros da cirurgia cardíaca no Paraná ao fundar, no ano de 1967, o
serviço de cirurgia cardíaca da Santa Casa
de Misericórdia de Curitiba. Teve uma vida atuante nas
atividades culturais e associativas, participando da Associação
Médica do Paraná, da Associação Médica Brasileira, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, da Academia Paranaense de Medicina, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e da Fundação
Santos Lima, da qual foi presidente do
conselho cultural. Possuidor de um conhecimento e cultura extraordinários, além
de poliglota, encantou a todos com sua afabilidade e seus ensinamentos. Faleceu
em decorrência de um AVC no Instituto de Neurologia de Curitiba
Prêmios
recebidos Professor emérito da UFPR em 1993. Cidadão honorário de Curitiba em 1993.Honra ao Mérito por serviços prestados, conferido pelo Hospital de
Clínicas da UFPR em 1995. - Obras
publicadas-Szymon Kossobudski-Patrono do Ensino da Cirurgia no Paraná (1989) - História da Cirurgia Cardíaca Brasileira (1996) - O Ensino da Medicina na Universidade Federal do Paraná (1997-2007) - Patronos da Academia Paranaense de Medicina (2003-2010) - O Primeiro
Alemão de Curitiba (2007) - Os Descendentes de Julia Guilhermina Muller Caillot e José de
Santo Elias Affonso da Costa (2007) - Notas e Referências
- Iseu Affonso da Costa, pioneiro da cirurgia cardíaca brasileira (em português). Visitado em
11/07/2012.-TITULO DE CIDADAO HONORARIO DE CURITIBA AO DOUTOR ISEU DE SANTO
ELIAS AFFONSO DA COSTA
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