Nasceu dia 29/10/1876, em Paranaguá. Filho de Manoel Ricardo
Carneiro e Délphica Guimarães Carneiro. Faleceu em Curitiba, 24 de fevereiro de
1940. Fêz o curso de preparatórios em Curitiba e matriculou-se em 1893 na
Academia de Medicina da Capital do País. Doutorando-se em 1898. Muito bom
estudante, tanto no curso propedêutico, como no superior. Nos últimos anos de
sua vida acadêmica foi interno, na Escola de Medicina, de Francisco de Castro,
grande mestre dos médicos brasileiros. Formado, veio clinicar no Paraná, onde
se casou com Francisca Martins Erichsen, no seu Estado, logo ao iniciar a
atividade profissional, teve destacada atuação numa epidemia de varíola, que
acometeu a população de Paranaguá, sua cidade natal. Em 1901, foi para São
Paulo trabalhar no Instituto Bacteriológico, sob a direção do genial Adolfo
Lutz, acompanhado de Vitor Godinho, Carlos Meyer, Bruno Rangel Pestana e
outros, e foi também médico da Santa Casa, tendo como assistente Rubião Meira. Na
Capital Paulista foi grande colaborador de Vital Brazil, na organização do
Instituto Ser um Terápico ou Butantan. É o grande ofidiologista patrício quem
diz numa página de sua "Memória Histórica do Instituto de Butantan":
"A 23 de fevereiro de 1901, sendo presidente do Estado de S. Paulo o
Conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves e Secretário do Interior o Dr.
Bento Bueno, foi, por fôrça do decreto nº 878 - A. dada organização oficial a
êsse estabelecimento e, nesse mesmo dia, fôram nomeados como diretor o Dr.Vital
Brazil e como ajudante o Dr. Abdon Petit Carneiro". Dada a organização
oficial do Butantan, a 23 de fevereiro de 1901, menos de quatro mêses depois,
isto é, a 11 de junho do mesmo ano, já o instituto entregava ao consumo os
primeiros tubos de sôro antipestoso. Pois bem: já sabemos que a preparação de
sôro antipestoso para combater a peste negra foi a principal razão da fundação,
não só do Butantan, como de Manguinhos. E agora perguntamos: Quem foi a pessôa
encarregada de aplicar, pela primeira vêz, o sôro fabricado pelo Butantan afim de
lhe provar a eficiência curativa? A pessôa encarregada foi o primeiro
assistente do Instituto, o Dr. Abdon Petit Carneiro, que, nos messes de
novembro e dezembro de 1901, designado pelo diretor do Serviço Sanitário, Dr.
Emilio Ribas, o Osvaldo Cruz da Saúde Pública de São Paulo, se dirigiu para a
cidade de Campos, assolada por grave epidemia de peste bubônica, afim de
estudar, "in-loco", a ação curativa anti-pestífera do sôro elaborado
pelos Intitutos Butantan, Pasteus, de Paris, e Manguinhos. Dois mêses, durou a
perigosa tarefa do Dr. Petit Carneiro em Campos. Enormes foram os serviços que
prestou à população sofredora dessa grande cidade açucareira do Estado do Rio. De
volta ao Paraná, em 1902, novamente instalou seu consultório em Paranaguá,
dirigindo também, nessa ocasião, o Hospital da Cidade e o Serviço de Higiene Municipal.
De Paranaguá, em 1905, se mudou para Ponta Grossa, onde clinicou até fins de
1910, deixando, nesta cidade, grande número de amigos dedicados, entre os quais
alguns ainda vivem e lhe cultuam, com saudade, a memória. Em 1911, se mudou de
Ponta Grossa e veio residir em Curitiba, onde faleceu, com 63 anos de idade, em
fevereiro de 1940. Em Paranaguá, Ponta Grossa e Curitiba, durante vinte e
muitos anos, prestou serviços médicos à classe ferrovoária. Em Curitiba, por
muito tempo, dirigiu o serviço médico da Caixa de Aposentadorias e Pensões dos
Ferrovoário da R.V.P.S.C.. Em 1912, o Dr. Petit Carneiro foi um dos fundadores
da Universidade do Paraná. Pode-se dizer que, da Universidade que ajudou a
fundar, não arredou o pé um só momento, até pouco antes de morrer. De tôdas
essas disciplinas, aquela a que se dedicou, inteiramente, durante seus 28 anos
de docênia, foi a Histo-logia. Repitamos: os anos mais fecundos da vida de Petit
Carneiro foram, não há negar, aquêles vinte e oito de assíduo execício do
magisterio superior. No magistério, como em nenhum outro setor de suas múltiplas
atividades, foi que êle deixou traços inapagáveis de sua personalidade.( Extraído do livro "Petit
Carneiro quarenta anos de atividades médicas", de Milton Carneiro.)
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