Nasceu em 20/11/1839 –
14/03/1887. Primeira pintora paranaense, paisagista natureza morta e retrato Segundo Leôncio ela não foi
apenas uma Pintora: foi, também, uma grande educadora e uma inspirada maestrina. Dentro do seu reconhecido
espírito de justiça, Romário Martins escreveu: Iria Correia, é o mais delicado
e cintilante espírito de mulher nascida em Paranaguá nos tempos iniciais da
cultura artística paranaense.
Pintora. Primeira artista plástica nascida no Paraná que se dedica
profissionalmente à Pintura. Filha do Ten. Cel. Joaquim Cândido Correia e de D.
Damiana Rosa Correia. Seu pai, um homem de posses e projeção social, permite
que ela e seus oito irmãos recebam educação privilegiada para o século XIX. Em
1845, ingressa no Colégio James, dirigido por duas norte-americanas, a pintora
Jéssica e sua filha Willie James. Além das disciplinas usuais – Línguas,
Aritmética, Geografia e História – também oferta o ensino de: Dança, Música,
Desenho e Bordado. No início, Íria Correia pinta temas bíblicos, naturezas
mortas e miniaturas. Porém, em 1855, a chegada dos Toulois a Paranaguá marcaria
uma grande transformação em sua produção posterior, que passa a ser mais
segura. O engenheiro francês Paul Toulois é nomeado inspetor geral de medição e
demarcação das terras públicas no Paraná. Sua esposa, Zoé Toulois, e suas
filhas Gabrielle Jeanne e Eugenie, no ano seguinte à sua chegada, abrem o
Colégio Paranaguense, onde Íria freqüenta aulas de Pintura e Música, passando
desde então a dedicar-se também à pintura de retratos. Entre os familiares e
contemporâneos que retrata, figuram: seu avô, o Cel. Correia Velho, a Sra. do
Dr. José Matias Ferreira de Abreu, e a Família do Visconde de Nácar. Pelo
catálogo da Exposição Provincial do Paraná, realizada em Curitiba de 29 de
junho a 8 de agosto de 1866, tem-se registro de que Íria Correia participa
dessa mostra com: óleos, crayons,
pastel, aquarelas, sépias e guaches. De sua vasta produção, poucas obras suas
chegam até nós, sendo que essas estão espalhadas entre os acervos do Museu
David Carneiro, do Museu Paranaense e da Coleção Milton Munhoz (que possui um
álbum de aquarelas de sua autoria). Íria Correia é um caso típico de artista
que deve ser analisada dentro das condições sociais de sua época; em vez de se
enfatizar as deficiências de sua formação técnica, deve-se entender a sua
invulgar sensibilidade, que se eleva muito acima de seu tempo. Apesar de
permanecer por toda a vida em Paranaguá, sem visitar museus, conhecer as obras
de grandes mestres nem ao menos manter contato com artistas nacionais ou
estrangeiros, ainda assim sua obra possui apreciável valor artístico. Segundo
Francisco Negrão: Cultivava a
Música e a Pintura com delicado esmero; conhecia todas as prendas domésticas,
aí estão cuidadosamente guardados por suas distintas irmãs, Maria Correia e
Carolina Cândida Correia, em Paranaguá, que conservam como preciosas relíquias
os seus quadros, mostrando o conhecimento da autora, dos diversos gêneros de
Pintura e inúmeros trabalhos de grande valor, que nos obriga a render este
preito de justa homenagem àquela que tão pouco viveu e tantas provas deixou de
seu grande talento artístico. Também atua como professora de Pintura e
Desenho. De temperamento delicado, porém muito decidida, há afirmações de que
teria sido a primeira mulher paranaense a subir em palanques para fazer
discursos públicos. A morte do pai, Joaquim Cândido Correia, em 1884, abala de
tal maneira a pintora que ela não consegue superar a dor. Falece dali a três
anos, aos 48 anos de idade. Sem o pai, durante os três anos que antecedem sua
morte, Íria Correia sustenta toda a família com sua arte, pintando leques e
fazendo retratos. Na monografia de Ruth Avany de Mattos Nanni Rinaldi, há o
relato de Pompilha Lopes dos Santos: Da
janela de sua casa, à tarde, Íria gostava de apreciar o ocaso do Sol lá para as
bandas da Matriz, a ocultar-se por trás das torres e a seguir por trás dos
montes... Depois, ao desaparecer totalmente, ainda se refletia ele nas nuvens
que ficavam por cima da serra dando a impressão de grande incêndio ou de vulcão
em atividade. Todas essas mutações de aspecto à hora crepuscular impressionavam
vivamente a artista, que vivia, exclusiva, para a sua Arte. Em outros momentos,
seu olhar voltava-se ao Itiberê. Assim é que fixou o rio em todos os instantes,
ora agitado, fustigado por ventos fortes, escuro e espumejante; ora sereno,
bonançoso... E não devemos supor que nas embarcações que pintou, colocou apenas
silhuetas inanimadas, figuras mortas de canoeiros. Não. Seus pescadores tinham
destinos, possuiam alma, amavam, sonhavam, meditavam... Tudo isso com
simplicidade de intuitivos, quase por instinto. Mas tinham personalidade. Íria
Correia estudava a psicologia de suas figuras; traçava-lhes rotas. Imaginava
canções nas bocas dos marujos e preces no olhar das moças que os esperavam
além, do outro lado do rio. Segundo Ruth Avany de Mattos Nanni Rinaldi,
o texto transcrito nos sugere a
alternativa de um trabalho de composições, cópias do natural (desenhos e
pinturas de observação) que não
chegaram até nós. Outrossim nos revelam uma artista cujas tendências
maneiristas consolidar-se-iam à medida que seu amadurecimento artístico fosse
moldado. Na opinião do crítico de arte Nelson Luz, As obras de Íria Correia mostram a emoção
muito pronunciada de um espírito feminino sensível. Como acontece com
Frederico Guilherme Virmond, seus discípulos não dão continuidade à sua obra.
De uma de suas alunas, Dona Irmina Guimarães Miró, o Museu David Carneiro
possui um único retrato da primeira esposa do Comendador Ricardo Carneiro.
Coletiva: “Exposição Provincial do Paraná”, Curitiba/PR,
1866. Exposição póstuma: “Mulher
Arte Tempo” – Sala Bandeirante de Cultura/CPC/SECE, Curitiba/PR, 1981.Obras em acervos: MUSEU DAVID
CARNEIRO: “Santa Tereza de Ávila”, Curitiba/PR. MUSEU PARANAENSE: Curitiba/PR.Referências -NEGRÃO,
Francisco. Genealogia paranaense.
Curitiba: Impressora Paranaense, 1928.LUZ, Nelson. As Artes Plásticas e a Música no Paraná. In: Paraná Guia de
Exportação e Importação, Clarim 1953-1954. p. 51.CARNEIRO, Newton. Iconografia paranaense. Curitiba:
Impressora Paranaense, 1960. SANTOS, Pompilha Lopes dos. XCIII Programa. In: Coleção Coisas
Nossas. Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. v. 2, p. 134.NICOLAS,
Maria. Pioneiros do Brasil. Estado do
Paraná. Curitiba, 1977. CARNEIRO,
David Antonio da Silva. John Enry
Elliot e outros pioneiros americanos no Paraná. Curitiba:
CCBEU/EDUCA-PUC, 1987. RINALDI, Ruth
Avany de Mattos Nanni. Íria Correia:
vida e obra. Curitiba, 1991. 201f. Trabalho de graduação (Disciplina
Evolução das Artes Visuais II) - Curso de Educação Artística, Setor de Ciências
Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.
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