Bento Munhoz da Rocha Netto, filho do ex-presidente Caetano Munhoz da
Rocha e de Olga Carneiro de Souza Munhoz da Rocha, nasceu em Paranaguá, a 17 de
dezembro de 1905. Fez o curso de primeiro grau no Colégio São José, naquela
cidade, e o segundo grau no Ginásio Diocesano Lazarista, tendo prestado exames
parcelados no Ginásio Paranaense. Diplomou-se engenheiro civil pela
Universidade do Paraná, em Curitiba. Dedicou-se ao magistério superior, tendo
sido professor de várias disciplinas na Universidade Católica e na Universidade
Federal, em cujo exercício se houve com crescente brilho. Exerceu ainda o cargo
de engenheiro chefe da Caixa Econômica Federal do Paraná. Elegeu-se deputado
constituinte em 1946, tendo participação saliente na defesa da reintegração do
Território Federal do Iguaçu. Reelegeu-se em 1959, tendo exercido a 1º secretaria
da Câmara dos Deputados. Chegou ao governo do Estado em 1951, apoiado numa
ampla coligação de partidos, muito semelhante àquela que elegeu seu antecessor,
disposto a pôr em prática seu slogan de campanha, a dignificação da função
pública. Tomou posse a 31 de janeiro e constituiu o secretariado à imagem das
forças que sustentaram sua candidatura (PR, UDN, PTB,PSP e PRP). Homem de
idéias definidas, pensador, intelectual, sociólogo e professor, além de tribuno
admirável, marcou sua passagem com projetos de forte conotação cultural,
sem perder de vista o programa social, base de sua plataforma. Ao assumir o governo, o
estado encontrava-se em franca expansão de suas fronteiras agrícolas, com
enorme movimento migratório, mas com escassez de estradas e de redes
armazenadoras. Dispensou, por isso, máxima importância aos projetos rodoviários,
iniciando a pavimentação de algumas rodovias estratégicas que modela rama malha
viária do Estado.Cuidou das obras de energia elétrica (entrou em fase final o
planejamento da Usina Capivari-Cachoeira e em concorrência a Usina
Termo-Elétrica de Figueira), reaparelhando as pequenas unidades existentes, de
forma a minimizar a dificuldade do setor. Construiu unidades escolares, centro
de saúde, casas rurais, postos de puericultura e outros melhoramentos básicos.
Criou o Fundo de Equipamento Agro-pecuário, o serviço especial de Zootecnia, estimulou
o reflorestamento e o cooperativismo. Disciplinou o processo de concessão de
terras devolutas do Estado, que tanto desgaste impôs ao governo anterior, sob
novos critérios, mediante rigorosa ordem cronológica, tombamento e exames dos
requerimentos e verificação das posses. A construção do Centro Cívico, em
Curitiba, conjunto de edifícios destinados e centralizar a administração
pública; a Biblioteca Pública e o Teatro Guaíra, inaugurados durante os
festejos do centenário da emancipação política do Paraná, foram pontos altos da
sua ação governamental. “Sinto no governo o reverso da nossa evolução
trepidante e, mais ainda, os efeitos da rápida transformação do nosso estilo de
atividade econômica”, dizia Bento. De fato o Paraná experimentava uma revolução
no seu processo civilizador. A projeção nacional alcançada pelo governador,
inspirou o presidente João Café Filho a convocá-lo para o Ministério da
Agricultura. Desejava fazê-lo candidato à presidência da República. Bento viu-se
obrigado a renunciar o governo do Estado, a 03 de abril de 1955, com esse
desiderato. Foi substituído pelo deputado Antônio Annibelli, presidente da
Assembléia Legislativa, até que se convocassem eleições indiretas, na forma da
Constituição estadual, para preenchimento do cargo. Bento não conseguiu reunir
forças partidárias suficientes para viabilizar seu nome como candidato.
Manteve-se à frente do Ministério até a eclosão do movimento militar denominado
“retorno aos quadros constitucionais vigentes”, liderado pelo marechal Teixeira
Lott, em novembro de 1955. Escritor consumado, deixou publicadas dezenas de
obras de cunho sociológico, histórico e didático, entre os quais: “Uma
interpretação das Américas”, “Ensaios”, “Itinerário”, “Radiografia de Novembro”,
“Tinguís“, etc. Faleceu em Curitiba, a
12 de novembro de 1978. Biografia: História biográfica da
repúblicano Paraná, de David Carneiro e TúlioVargas, 1994. Foto: Galeria do
Salão dos Governadores do Palácio Iguaçu, reproduzida por Simone Fabiano.
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